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de 19 de Outubro de 1920

O Sr. Presidente do Ministério, no meu entender, errou. Xada há, absolutamente nada, para se falar em traidores e em traições. O que há para nós é que S. Ex.a não está à altura da situação em que está colocado, continuando a ser o autêntico republicano e o autêntico homem de bem que sempre foi.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Domingos Pereira: — Sr. "Presidente: embora o .debate já vá longo, ou uso da palavra porque me julgo na obrigação do difinir a minha maneira de pensar sobre a discussão que se está travando nesta Câmara.

Jiiin virtude das declarações há pouco feitas polo ilustre leader do partido republicano português, o Sr. Presidente do Ministério entendeu, como acaba de de-cla ar, que o Governo tinha a sua missão cumprida, que o Governo não tinha mais nada a fazer nas cadeiras do Poder.

Já está esclarecido que se não quis ini por ao Governo' o abandono das cadeiras ministeriais. Todavia eu quero dizer à Câmara, que, se acaso uma tal intimativa tivesse sido feita hoje, aqui, ao Governo, ou, sósinho que estivesse, pronunciaria palavras de defesa do mesmc Governo, incitando-o a continuar a Eua^missão. Não sou partidário do Governo! E a hora grave que a Eepública está atravessando (Apoiados) que me obriga a reflectir sobre os resultados que poderiam advir do mais uma crise de Governo em Portugal, nas circunstâncias actuais. (Apoiados).

O Governo s. ó deveria sair se acaso tivesse praticado qualquer acto pelo qual devesse ser amarrado ao pelourinho para ali ser desprezado pela opinião pública.

Ora, Sr. Presidente, não ó este o caso. £ Porque fazer sair o Governo, quando a situação ó grave internacionalmente pára todas as nações, mas sobretudo para as nações pequenas e depauperadas como a nossa? A hora ó de coligação de todos, como acaba de proclamar o grande Ministro da Inglaterra, Lloyd George, para salvar o mundo duma invasão que o ameaça .

Quando a situação ó esta, eu pregunto se não será este o momento em que todos se devem compenetrar d Ia, o se há o direito do fazer sair das cadeiras do Poder

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um Governo que não está na situação ai que me referi do ter de sair dali para ir para o pelourinho, desprezado pela opinião pública.

Sr. Presidente: neste instante passa-se-no país qualquer cousa de grave e, portanto, mais do que nunca se nos impõe toda a reflexão. 'Recordo que, quando eu, como Presidente do . Ministério de então, me encontrava na firme disposição em virtude da situação parlamentar, do abandonar as cadeiras do Poder, foi este parlamento que manifestou o desejo de que o Governo ficasse, visto que existiam perturbações de ordem pública. O Parlamento impôs que o Governo ficasse ato que a situação fosse vencida e o Governo-ficou.

Cousa idêntica sucedeu duma das ve-ses que o Sr. Sá Cardoso presidia ao Governo. "K- assim se tom feito sempre qu& se vê a necessidade de, acima de todas as paixões, pormos toda a nossa consciência no cumprimento dos deveres que ternos para com o país, que olha atentamente a nossa conduta.

E por isso que, se acaso tivesse sido1 dito ao Governo que saísse do Poder, eu me levantaria para lhe dizer: Fique! Continue a sua missão, procurando aperfeiçoá-la, porque não há Governos nenhuns, uma vez que são constituídos por 3iomensr isentos de praticar erros, porque c dos-homens o errar.

Não vejo razão para-que o Sr. Presidente do Ministério apresente a sua demissão. Havê-la-ia se acaso tivosse sido votada uma moção de desconfiança ao Governo.

Nessa altura sim. Tinha a missão cumprida. Assim não entendo que o Governo deva sair. mas que se deva manter nas cadeiras do Poder.

Estou disposto a fazer, dentro da minha competência, o que for necessário para que o Governo continue, para evitar mais uma crise ministerial prolongada, não se sabendo se virá um Ministério que seja, porventura, o pior de todos que tem estado nas cadeiras do Poder.

O orador não reviu.