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tiesa&ô de âtf de Outubro de 1920

de se repatriarem ou de se naturalizarem brasileiros.

Sr. Presidente, por mais respeito que me mereça o Brasil, por mais respeito que me mereçam os homens públicos daquela nação o ainda, por mais respeito que me mereçam os homens que dirigem a política internacional portuguesa, dovo declarar, daqui, que o Parlamente não pode ficar, de maneira nenhuma, caiado diante do facto estranho e extraordinário que acaba de dar-se. (Apoiados}.

Somos um povo livre, somos um povo com largas tradições colonizadoras quo nenhum povo do mundo iguala; o, Sr. Presidente, não será sem o meu protesto e estou certo que não será também sem os protestos da Câmara, que admitiremos a acção de alguém cujos intuitos ainda não estão definidos.

Quero afirmar que a campanha nativista do Brasil, tal como se tem íeito ali, mercê de cumplicidades que nos colocam pessimamente, pois já demasiadamente temos transigido com ela, tem um acentuado carácter de interesse económico em concorrência com o nosso e não me custa atíroditar que essa campanha seja, paga por quem nela ponha o seu objectivo.

Por documentos se prova que grande parte desse movimento nativista deriva de emigrantes de outras nacionalidades e, por isso, não hesito em classificá-lo de anti-português, mas não originado no Brasil, levado a efeito por uma concorrência deslialíssima de interesses económicos.

Sendo assim pregunto: ^0 que resta fazer ao Governo e ao Parlamento ? Des-truirem antes de mais nada essa campanha.

Já daqui foi feito um apelo aos nossos sentimentos patrióticos »pura que se iniciasse uma política de séria protecção aos emigrantes portugueses no Brasil. Esse apelo foi debalde, porque em vão se reclamou a atenção dos Poderes Públicos para o assunto.

Nestas circunstâncias, e se bem que gostosamente me associe ao voto de louvor, que acaba de ser proposto pelo Sr. Çamoesas, a esses humildes poveiros. devo declarar quo ó necessário irmos além o não ficarmos no platonismo que esse voto representa.

E preciso irmos ao campo prático de realizações, cabendo uo Governo a missão

de seguir até o fim com as devidas negociações, na ceriteza de que todos os portugueses o acompanham solidários com os poveiros que amanhã chegam.

Terminadas essas negociações, necessário é que o Governo olhe atentamente a emigração portuguesa para o Brasil, procurando resolver esse problema por forma a evitar que se repita o facto que acaba de dar-se, pois que se ele nos oferece um aspecto que nos orgulha e enaltece, não é menos certo que também, por outro lado, nos humilha c faz- tristeza.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Interior (Alves Pe-drosa): — Sr. Presidente: uso da palavra para declarar ao ilustre Deputado Sr. Nuno Simões que, pela parte ^ue o assunto respeita à minha pasta,'tomo no devido cuidado as considerações que S.Ex.ft formulou a propósito da nossa emigração e em especial dos nossos emigrantes para o Brasil.

Naquela parte em que as observações criteriosas do ilustre Deputado dizem respeito á pasta dos Negócios Estrangeiros, cnmpre.-me responder que transmitirei as palavras de S. Kx."- ao rncMi colega que sobraça -aquela pasta.

Devo, porém, acrescentar que o Governo empregará todos os seus esforços para modificar a. situação.

O oradvr não reviu.

O Sr. Núno Simões (para explicações}: — Sr. Presidente: pedi a palavra para agradecer as explicações e boas intenções do Sr. Ministro do Interior, entretanto, devo dizer a S. JSx.11 quo o problema é uru pouco mais complexo que aquelas simpics medidas que podem derivar das resoluções que S. Ex.a tomar neste momento.

Efectivamente, o problema tem. todos os aspectos dum grande problema de carácter político e social; e por isso não demanda só a atenção do Ministério do Interior o dos Estrangeiros, demanda a atenção de todo o Governo, demanda a atenção do Parlamento, demanda a atenção do País. (A/wiadoti).