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Diário da Câmara doa Deputados

polícia de emigração. Isso é pouco, é muito pouco. No dia em que nos capacitarmos de que o problema da emigração se resolve com medidas restritivas, temos comprometido desgraçadamente esse problema. Nesse dia não mais faremos que aumentar a emigração clandestina, e, de resto, é isso que temos que constatar.

Realmente, depois das medidas que os jornais versaram, * quer de repressão, de defesa ou de regularização da nossa emigração, não temos senão que constatar o aumento da emigração clandestina,.

Ora não é, com certeza, iutonção do Sr. Ministro do Interior e do Governo, procurando remediar um mal pequeno, arranjarem uni maior. Se a situação da polícia, de emigração ó má, a situação daqueles que emigram ó muito pior, sem nenhumaoespécie de preparação e protecção para lutarem CQJU outras correntes do emigração.

E para esto problema é que eu quero chamar a atenção do Governo! Para isto é que o Governo tona de trabalhar num sentido prático. Sem ela, reincidiremos nos velhos erros e teremos nós, o Sr. João Camoesas e eu, daqui a pouco, de levantar a nossa voz para protesuinuus novamente.

Para isso ó que, eu chamo a atonção de' todo o Governo» É necessário não só que procuremos criar elementos de viabilidade aos nossos emigrantes, e elementos de preparação, ruas também, que lhes demos assistência e protecção.

Não é agora ocasião de vir apontar o exemplo do que se faz em Itália e do que se teni feito em Espanha ultimamente. Mas devo dizer que nós ignoramos com-pletamente o que se passa com a nossa colónia no Brasil. ,E não' foi só a'nós e ao Governo que o caso dos poveiros colheu de surpresa; ele colheu também de surprôsa aos nossos representantes no Brasil, porque estamos acostumados a que a nossa diplomacia não repare naquilo que ela julga interesses comezinhos, mas que silo afinal os mais altos interesses da Nação.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente:—Vai ler-se a proposta do Sr. João Camoesas. Foi lida e entra em discussão.

E do teor seguinte:

Proponho que a Címiara lance na acta desta sessão um voto de louvor aos poveiros pela sua atitude de abnegado e alto patriotismo, e nomeie uma deputação para os ir aguardar e cumprimentar era sou nome.

Sala cias Sessões, 26 de Outubro. - --João Camoesas.

Aprovada.

j O Sr. Júlio Martins:— Sr. Presidente: j pedi a palavra para declarar à Câmara, j em nome dos Deputados do Grupo Repu-! blicano Popular, que nos associamos com j todo o carinho ao voto proposto pelo Sr. : João Camoesas. j

O Sr. José de Almeida:—Sr. Presidente: talvez que à Câmara pareça extraordinário que os Socialistas se associem e dêm o seu voto à proposta apre-.sentada pelo Sr. João Camoesas. É que nós, internacionalistas sempre e apesar de tudo, encontramos não haver incoerência na atitude que tomamos.

Assim, entendo que dôste lugar devemos vincar, frisar um aspecto da questão que ainda não foi posto em destaque.

Associando-nos a esta proposta, saudamos os homens ignorados, os povoivos que no Brasil não quiseram renegar a sua Pátria, pondo em contraste este procedimento, o procedimento dos homens que muitos dizem miseráveis por nascidos em berço humilde, com o procedimento daqueles que andam apregoando o seu patriotismo a todas as horas e renogam os interesses da nacionalidade, os interesses da comunidade, desde que o interesse próprio seja ofendido.

Portanto a minoria' socialista, assodan-' do-se a essa proposta, saúda os humildes j poveiros —os miseráveis, como lhes cha-' mam — e diz a este Parlamento e ao País '. que os homens grandes, os que se intitu-; Iam patriotas, esses é que são os verdadeiros miseráveis.