O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

o abono de 600(5 é bastante para dispensar a instrução e a alimentação aos segundos assistentes da Faculdade de Medicina de Lisboa.

Pouco me importam as considerações que serão pronunciadas nesta Câmara pelo meu ilustre colega director do hospital, a que responderei depois.

O Sr. Nunes Loureiro:—Aqui não há directores de hospitais.

(Apoiados do Sr. Hermano de Medeiros).

O Orador: — O que me importa a mim, que sou médico, que cursei a Faculdade de Lisboa, é que por uma questão, que discutirei daqui a pouco, V. Ex.a, director, sancionasse uma medida que prejudica o ensino:

O Sr. Hermano de Medeiros: — Não apoiado.

V. Ex.a verificará as razões que o Sr. Hermano de Medeiros tem para se revoltar contra a minha leviandato, como S. Ex.a diz, e verificará que estas palavras não são irreflectidamente pronuuciadas.

A função dos 2.os assistentes da Faculdade de Medicina de Lisboa, ó uma altíssima fuação de ensino. Precis mente no ano lectivo que decorreu, ôsses assistentes inauguraram, por sua iniciativa, uma'prática de trabalho inteiramente nova, e pode dizer-se revolucionária, numa. época egoísta, onde os estudantes e os mestres guardavam os trabalhos das suas investigações, para apresentar em concursos, etc.

O Sr. Hermano de Medeiros: — Isso é uma censura aos mestres!.. .

O Orador:—Eu tenho autoridade para falar neste tom em que.estou falando porque nunca fui cortezão dos mestres. A minha vida académica desde os liceus às escolas superiores, se tem alguma nota, ela é de rebeldia, pois que, por vezes, tive conflitos pessoais coin os mestres, conflitos,- porém, que nunca me colocaram numa situação injusta.

Aqui, nesta casa do Parlamento, ventilei eu um- assunto que deu "origem à greve académica de 1916, que é a única, na história do movimento académico por-

foiário da Câmara dos t)eputados

tuguôs, porque dum lado estavam os académicos e do outro os mestres, ameaçando com* a greve.

Sr.' Presidente: as minhas palavras não são de censura aos mestres, mas de censura aos processos de trabalho que V. Ex.as conhecem tam bem como eu, e àqueles que convertem os serviços públicos numa composição de corrilhos, muitas vezes com prejuízo do exercício dessas funções.

Mas, dizia eu, que os segundos assistentes tinham inaugurado um processo de trabalho inteiramente novo, qual foi o de se realizarem semanalmente conferências, a que podiam concorrer todos os médicos de Lisboa, e onde os segundos assistentes iam levar os seus trabalhos, não os guardando, mas sim, pondo-os em circulação, tornando assim conhecidos os seus trabalhos.

Sem nenhuma espécie de louvaminha, para ôsses rapazes novos, onde há men-talidades importantes, eu devo dizer a V. Ex.a e à Câmara que a atitude-da Sociedade de Sciências Médicas foi inteiramente justa, porque esses rapazes consa--graram o seu tempo à industrialização do seu saber, passando todo o seu tempo nos hospitais, fazendo investigações scien-tíficas que muito nos honram.

Como prémio deste trabalho, o Sr. Ministro, tem dado ao País o detestável espectáculo de distribuir, pelas terras onde a sua influência eleitoral ó maior, dinheiro numa tentativa de suborno eleitoral, o que é, Sr. Presidente, a restauração dentro, da República dos piores processos da monarquia. /

Apartes.

Sr. Presidente: se fosse por uma razão de economia, ou por qualquer outra ordem de razões, eu compreendia, porque não sou um espírito estreito e obseeado, e estou a falar aqui, pela leitura do texto dos trabalhos dos segundos assistentes, pois que no último ano não frequentei o Hospital Escolar, por me ter consagrado à actividade parlamentar e política.

Venho trazer este caso à consideração do Parlamento para que se faça luz, doa a quem doer, a fim de que as razões determinativas do procedimento do Sr. Ministro do Trabalho sejam apreciadas.