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tado, esfão efectuando os nossos coloniais; habilitam-me a dizer que podemos, efectivamente, ter a esperança de que já na próxima colheita cerealífera o déficit seja muito menor, o se for assim, compreendo V. Ex.a que nem mesmo assim esse argumento subsiste contra o contrato, visto que nele está prevista essa hipótese.

Feitas estas considerações de ordem geral, devo lembrar a V. Ex.a que talvez um dos argumentos aduzidos pelo, Sr. Cunha Liai, e que mais impressão fez na Câmara, foi o do que o Governo não tinha necessidade de fazer a emissão total dos bilhetes do Tesouro correspondentes aos fornecimentos durante .um ano, mas que se devia ter feito à medida que os fornecimentos fossem efectuados,

Ora o Estado sabe, por informação do seu delegado em Londres, o preço da praça e, se lhe convêm, compra a quantidade de trigo a que tem direito. Se a curva da baixa se acentuar ato Março, nessa altura .pode ordenar que se faça a compra da tonelagem que lá se encontrar.

A este direito corresponde para o Es-,tado um dever, que ó emitir uma quantidade de bilhetes do Tesouro que sirvam de garantia.

Trata-se dum contrato bi-lateral.

Os contratos fazem-se não apenas do harmonia com uma das partes, mas dentro do encontro de interesses para as duas partes.

O que há portanto a averiguar, não ó quanto a mira, se o" contrato só devia fazer duma ou doutra forma, se a outra parte quisesse, etc.; o que há a averiguar é se deste contrato resultam ou não benefícios para o País.

Poderiam resultar mais benefícios, alega-se; mas nada impede a este ou a outro qualquer Governo, de poder realizar os actos considerados contratos, desde que novas vantagens sejam oferecidas ao Estado.

Eu mesmo já autorizei, depois de feito este contrato, umas das casas importadoras o fornecedoras de trigo, em Lisboa, a fazer as diligências necessárias para ver se me podia apresentar uma proposta em termos mais vantajosos que esta.

Até agora, porém, não recebi proposta, e de todos os clamores que se levantam à volta dos contratos, quer por parto dos

Diário da Câmara dos Deputados

interessados quer por parte dos desinte ressados que apenas olham ao bem gera do País, nada tem resultado, contra estes contratos,- porque ainda me não foi apresentada possibilidade de fazer outros melhores.

Se ela existe, eis o que espero : que algum dos meus contraditores ma apresente, aqui na Câmara, pela sua própria mão, para eu receber essa proposta de contrato com a alegria, que nesses momentos tem sempre um homem que se dedica ao bem do seu país, e que tem por timbre realizar todos os seus actos dentro da maior honestidade política o pessoal. (Apoiados).

j Isso é o que eu queria!

Quo dentro ou fora desta Câmara, alguém me trouxesse uma proposta mais favorável que esta, para a aceitar o receber, visto que disso não estou inibido.

O Sr. António Fonseca (interrompendo):— Talvez V. Ex.a não ignore que houve um Governo que entabalou negociações com o Governo Argentino, para a compra de trigo directamente.

í Parece-me que isso seria mais vantajoso!

O Orador: — Conheço esse caso, e até posso informar V. Ex.a de que, como última consequência dessas diligências j unto do Governo Argentino, este reservou 9:000 toneladas para o Governo Português.

Tive, para não deixar até mal colocado, diplomaticamente, o nosso ilustre representante em Buenos Aires, de fechar o contrato, mandando um navio'dos Transportes Marítimos, buscar esse trigo.

j Pois o trigo ficou muito mais caro quo aquele que estava aqui comprado!

O que quis e quero, ó libertar-me duma situação que não acredita — empreguemos o eufemismo — a administração portuguesa.

A maneira por que estava sendo feito o fornecimento de trigos não era de acreditar, repito, as normas de administração em Portugal. (Apoiados).