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Diário da Câmara, dos Deputado»

"til, porquanto S. Ex.a teria obtido o mes-•mo resultado apenas com a despesa de ;gasolina do seu automóvel do Ministério das Finanças, no passeio ao estabelecimento dos intermediários;

Considerando que não está suficientemente provada a necessidade, para garantir o abastecimento do país, da colaboração dos intermediários nosv referidos contratos;

Considerando que o país perdeu o custo da comissão aos banqueiros e da viagem referida, não o podendo consolar desse prejuízo, a consciência que tem de que os outros concorrentes na venda de carvão e de trigo deixaram de ganhar milhares de contos, arrancados à miséria pública ;

Considerando que o consumidor não se pode dar por satisfeito por ter sido menos prejudicado, porque tem o direito de não ser nada prejudicado;

Cons;derando que a realização dos contratos, sempre com prejuízo para o consumidor, são o fruto da actual organização capitalista, em que a burocracia predomina, o que nenhum Governo que defenda a 'mesma organização dá garantia, 'do proceder em tais emergências, 'apenas de olhos fitos nos interesses gerais dos 'Consumidores: constata que houve um justiceiro prejuízo para certos negociantes de trigo e de carvão, e para o país o prejuízo da viagem do Ministro a Londres e da comissão aos banqueiros, e passa à ordem do d:a.— Augusto Dias da Silva.

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Sr. Presidente : bom tem andado a minoria socialista em atacar todos os Governos.

Afirmou, e muito bem, o Sr. Cunha Liai •quo já não depende de compeíências a resolução dos problemas que se nos impõem, desde que essas competôncias sejam submetidas às formas capitalistas que imperam no mundo inteiro.

S. Ex.a disse isto por outras palavras, e disse também que apesar da sua honorabilidade, as qualidades republicanas do Sr. Ministro das Finanças de nada tinham valido para a deficiência dos con-

• tratos.

Na verdade, o Sr. Ministro das Finanças é um distinto professor; está à frente

• dum importante estabelecimento bancário

e é um honrado republicano, como ninguém pode negar; mas não há dúvida de que não bastaram estas qualidades para fazer uma obra aproveitável.

O mal é básico, e, portanto, são necessárias mais que essas qualidades para dar remédio à nossa situação.

Sr. Presidente: afirmou-se neste Parlamento que os contratos cm discussão não passariam, mesmo que o Parlamento quisesse, porque a finança o não consentiria, sem que se lhes associassem os transportes do Estado.

Á volta desta afirmação grave fez-se silêncio, mas ela não pode passar em silêncio.

A propósito de transportes não se fará silêncio deste lado da Câmara.

Com respeito ao contrato sobre o trigo não posso aceitar esse contrato, e lamento que o Governo o fizesse.

Não há dúvida de que este contrato indica bem o descrédito do Estado, provando à saciedade que esto mesmo Estado já não pode viver senão dando estes bodos, autênticos manás, quer à finança, quer ao comércio.

Não se explica que o Estado fosse procurar intermediários lançando-se num negócio desta natureza, que qualquer criatura, mesmo que não fosse negociante, podia fazer, sem ser preciso para isso a mais pequena parcela de inteligência. O intermediário tem sempre 1,5 por cento sobre a transacção, transacção que só efeotua em Londres, sendo, portanto, o peso somente verificado na origem.

Ainda na hipótese do roubo, isto é, por qualquer diferença que haja nesses carregamentos, o intermediário não é nada responsável; pelo menos, o contrato nada diz a esse respeito.

Portanto, Sr. Presidente, isto ó perfeitamente um bodo, um maná dado à firma Nápoles & C.a

Se isto acontecesse nos tempos da propaganda republicana, estou convencido de que até as pedras da calçada se levantariam.

É em virtude de factos desta ordem que se produzem as greves de funcionários.