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Sessão de 4 de Novembro de 1920

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Emquanto os Governos da República •continuarem a entregar a economia nacional às mãos destes vampiros, as greves hão-do estalar por todos os lados, porque os que trabalham não tem possibilidade de viver.

Como disse, Sr. Presidente, este é um perfeito negócio.

Evidentemente, não quero, nem tenho o direito de pôr em dúvida a honorabilidade dos Srs. Ministros, mas lamento que a República não consiga ter um crédito de tal natureza que pudesse fazer esta operação; ou, quando não quisesse fazer a operação, obrigar o intermediário a tomar a responsabilidade dos prejuízos.

Mas há mais, Sr. Presidente: a firma Nápoles & C.a, que ó uma simples intermediária, teve, para realizar uma operação desta natureza, de.se agarrar a casas bancárias.

E então o Estado oferece já um maná duplicado: um à firma Nápoles & C.a e "outro às casas bancárias; porque os bancos não vão negpciar os trigos com os seus capitais, mas com o capital do Estado.

Bem sei que a propósito desta discussão o Sr. Presidente do Ministério disse que em princípio aceitava a alteração, mas não compreendo como se possa cor-rigir essas deficiências, desde que S. Ex.a •díclarou ao Sr. António Maria da Silva que não era preciso remodelar o contrato.

Do que não há dúvida, Sr. Presidente, ó que aos Bancos vai ser oferecido um maná de seis milhões de libras.

Tudo isto ó lamentável, sobretudo no momento ein que o país se debate na maior miséria, no momento em que as classes trabalhadoras não ganham para se manter.

O Sr. Eduardo de Sousa :— Não apoiado. Andam até de automóvel.

O Orador: — O proletário não ganha para comer; não ganha como vai ganhar

Quanto mais afastadas estiverem as classes trabalhadoras da luta política maiores negócios se farão»

Sr. Presidente: não se compreende que para este importante assunto SQ não tivesse feito um concurso.

Dir-rne há o Sr. Presidente do Ministério que a finança se coligaria.

Não terei relutância em aceitar, em princípio, a sua afirmação; mas, visto quo são tam patriotas os capitalistas portugueses que quando o Estado se vê embaraçado lhe fogem com o dinheiro, não vejo razões, para que a esse concurso se não devesse admitir o próprio capitalismo estrangeiro.

Infelizmente tinha razão, quando num aparte afirmei que não valia a pena estarem com tanta gritaria, porque, no fim de contas, todos estavam, e ainda estão, no mais completo acordo, apenas tendo havido por parte do Sr. Cunha Liai um ataque cerrado aos contratos, cuja anulação pediu.

Ainda não vi que se procurasse curar o mal' pela raiz e isso não é indiferente à minoria socialista, que sempre tem insistido na alta conveniência de se nacionalizarem as indústrias, porque, uma vez nacionalizadas, elas próprias é que haviam de se entregar à solução destes problemas.

O Parlamento teima, porém, em manter um critério que tem levado o país ao estado de ruína em que se encontra.

V. Ex.as persistem em ser conservadores, mas tenham a certeza de que a queda desta situação há-de demorar tanto menos quanto maior for a intransigência de V. Ex.as

Estabelece-se discussão entre o orador, o Sr. Aboim Inglês e outros Deputados.

O Orador:—Já disse e uma vez mais afirmo que a nossa indústria não tem possibilidade de melhorar as suas condições de existência sem se nacionalizar, tendo até hoje vegetado num estado verdadeiramente primitivo.

Os capitais não vão para a indústria, porque ela não lhes dá garantias.

O Sr. Aboim Inglês :— j Pois sim, mas alguns industriais vão enriquecendo e depois fazem- se socialistas I