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Sessão de 22 de Novembro de 1920

O Sr. Pais Rovisco:—S. Ex.a o decreta ...

O Orador: — Oxalá que o Sr. Cunha Liai possa pôr eni execução os princípio quo ato há dias defendeu.

Do Ministério, constituído, do facto, por figuras que nesta casa do Parlamento conseguiram marcar, fazem ainda parte o Sr. Domingos Pereira, também meu colega na revolução de Santarém e chefe do Governo do que íiz parte, individualidade por quem ,tenho a mais profunda amizade, o o Sr. António da Fonseca, espirito bastante lúcido, que no seu novo cargo há do tentar dar provas da sua competência.

•Mas, Sr. Presidente do Ministério, depende da parte de V. Ex.n a solução dum dos problemas mais graves quo neste momento se debatem — o problema ferroviário.

A minoria socialista estará, pois, atenta, o jamais deixará o Governo tranquilo se ele tentar seguir o caminho dos seus an-tecossorcs, se porventura ele não revogai-os dois decretos que ao conflito ferroviário deram origem. Basta de atitudes benévolas, Sr. Presidente! Basta de espe rãs que a muitos se podem ter afigurado como uma manifestação de cumplicidade, quando ora apenas resuitantos da certeza da queda dum Governo, queda com que, aliás, todos contavam.

Poderá o Sr. Presidente contar com a mais formal oposição por parte da minoria socialista, só o Governo não resolver trilhar aquela linha de conduta quo há muito se impõe, como mesmo por S. Ex.a me foi afirmado nos bons tempos da revolução de Santarém, que a maior parte dos republicanos parece já ter esquecido. (Apoiados). Há que resolver a questão social, se bem que e discurso da coroa que mais uma vez foi lido ao Parlamento dela não trato. O Sr. Álvaro de Castro entendia, quando no seu lugar de deputado, que o operariado devia comparticipar dos interesses do patronato, critério este que o Partido Republicano Popular nunca manifestou, tendo manifestado um outro, bem diíerentô, a que me von referir para que ninguém possa alegar ignorância ou esquecimento. Dizia Sr. Cunha Liai que o que se tornava necessário era pôr a casa em ordem, mas é preciso que se

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saiba se esta afirmação, traduzida oní linguagem popular, quere simplesmente dizer: «Previnó-te, povo trabalhador, que Liberato não te há do faltar!». (Risos).

Uma das afirmações do Sr. Cunha Liai, é quo necessário se torna arrumar a casa.

Está S. Ex.;i no Governo; esporemos pois por essa arrumação, mas, quanto a mini, desde já declaro, o.ssa afirmativa quore dizer : «previno o povo trabalhador de que Liberato não lhe falta!». (Riaos).

As arrumações de casa, cá no país, dão sempre: ódios, ódios o ódios!

A ordem, mantêm-se sempre pelas espadas e só pelas espadas.

É preciso saber até que ponto irá a acção conciliadora do Governo.

Um escândalo que se debate é o que nos apresenta a Companhia dos Tabacos, aumentando o preço dos seus produtos em mais de 200 por cento, sem nada dar de melhorias ao seu pessoal.

O Governo anterior nada resolveu.

Outro escândalo ainda, e este vum do tempo do Governo presidido pelo falecido j coronel Baptista: é ter sido aumentado o j preço da água em Lisboa. A Companhia especulou coni o seu pessoal para obter êsso aumento, mas, finalmente, não atende às condições desse mesmo pessoal. Veremos se o Governo reparará estas cousas.

Determinando a lei que o trabalho de escritório seja de 7 horas, a Companhia permitiu-se aumentar esse horário para 9 horas.

Isto não pode continuar. É preciso meter a Companhia na ordem.

Mas há mais: deu-se ontem em Lisboa mais um daqueles abusos de autoridade quo tani frequentes são no nosso País.

Estou convencido de que o Sr. Presidente do Ministério é alheio a esse conflito. Chamo, pois, para o caso a atenção de S. Ex.a

Desejo saber se o critério do actual Governo sobro liberdade de reunião é aquele que ontem se pôs em prática, como que início da acção do Governo, proibindo reuniões.