O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Cessão de 13 de Dezembro de 1920

contra-se quási sem os recursos necessários para comprar o pão nosso de cada dia. E se neste momento se acentua a especulação, é porque, tendo ele falado aos portugueses, julgando-os patriotas, e apelando para o seu patriotismo, perante a situação do Tesouro, que ó grave, esses homens o que fizeram foi, ao que me consta, dizer a toda a gente que comprasse cambiais, porque a situação do Estado era má e por isso tinha também de comprar cambiais.

Mas, felizmente, esses homens enganaram-se ! O Estado^ não precisa de ir à praça comprar cambiais, dispõe dum saldo para uns poucos de.meses, e dispõe porque ainda encontrou algum crédito a seu favor. Entretanto, não dispõe de ouro suficiente para influir na especulação da praça, porque a única arma para esmagar essa especulação é também a especulação por parte do Estado e eu não quero que o ouro do que ainda disponho vá também na voragem.

Portanto

E devo dizer a V. Ex.as que consegui já alguma cousa nesse sentido, tendo já «ncetado as minhas negociações. E bastava, para o sou bom resultado, que a Câmara quisesse trabalhar comigo. (Apoiados). Bastava que a Câmara mostrasse aos estrangeiros que era capaz ainda de' fazer sacrifícios.

Garanto a-, V. Ex.as que as únicas palavras de incitamento, vindas lá de fora, não saíram da boca dum português, saíram da boca dum Ministro estrangeiro; garanto a V. Ex.as que as únicas palavras boas de consolação que encontrei, não ditas a mini directamente, mas proferidas por ocasião duma démarche oficiosa, saíram da boca desse diplomata.

Garanto a V. Ex.ns que os olhos lá de fora estão postos em nós, esperando que o movimento de revolução financeira que se tem operado lá fora se comunique, porventura, a .Portugal; tem os olhos postos em nós, e nós, infelizmente, continuámos com os nossos bisaníinismos, com os nossos caprichos, dando guarida a todos os falsos patriotas que fazem uma •sainpanka de todos os dias, girando toda

ela em números falsos, em interpretações falsas; campanha cavilosa de quem não quere pagar. Se nós mostrarmos patriotismo, se trabalharmos dia a dia, hora a hora, se não entrarmos no ano de 1921 deixando ainda os possuidores de riqueza, aqueles sobre quem recaem os impostos directos, mais uma vez sem terem aquele aumento de impostos que a Nação tem direito de exigir, se fizermos isto, se trabalharmos hora a hora, minuto a minuto, fazendo sessões diurnas e nocturnas, não indo sacrificar os interesses do País aos interesses de nenhum partido, tenho esperança de que havemos de revigorizar o nosso crédito, acreditando nos, pouco a pouco, lá (ora: tenho as mais firmes esperanças de que, depois disso, havemos de conseguir realizar um empréstimo lá fora. , c ,.

Falo assim porque, a partir /ie hoje, encetei ãémarches nesse sentido,! mas ó preciso que me auxiliem, porque1, se não me auxiliarem, terei a coragem, dèpoisjle ver que há, por parte da Câmara, o propósito de fazer obstrucionisino, de vir aqui entregar o meu mandato porque nun-• ca servi para ocupar um lugar que outro pode desempenhar melhor do que eu, porque nunca servi para péla nas mãos de ninguém; nunca servi para tapar um lugar que a outro pertence; outro que venha, mais audaz, falar ao País linguagem mais patriótica, que não há medidas que endireitem o câmbio- emquanto faltar ouro em Portugal; que não há ouro em Portugal emquanto o não emprestarem lá fora; quo ninguém o empresta lá fora emquanto não mostrarmos sacrifício, demonstrando que se entrou numa nova vida política em Portugal.

Desculpe-me a Câmara se eu tive, num momento, a audácia de supor que eu seria esse revulsivo capaz de falar uma linguagem cheia de verdade, de emoção, de tudo. quanto há de bom e de santo dentro da minha alma; pensei quo seria esse homem e que o meu esforço e a minha boa vontade seriam bem acolhidos.

A Câmara tem obrigação de não deixar entrar o ano de 1921 sem novos impostos estarem votados; a Câmara tem esse dever; se a Câmara o não quiser fazer, retirar-me hei do meu lugar tranquilo e satisieito, esperando quo OUÍPC