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Sessão de 17 de Janeiro de 1921

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com pessoas honestas e bem intencionadas, mas desconhecedoras da questão, rafeiros e mastins nojentos. Emquantosó os rafeiros e mastins ladraram, conservei-me no meu posto de honra, indiferente à vozearia interessada. Mas, desde quo pessoas honradas juntam a sua voz iludida ao coro dos traidores à Pátria, o Ministro das Finanças só tem uma cousa a dizer ao seu País :

—Venha um largo inquérito a toda esta questão, inquérito feito por parlamentares e não parlamentares. Já há muitos dias, pedi ao Sr. Vasco Borges que sondasse o Sr. António Osório, um dos que mais atacaram o meu procedimento, para saber se ele aceitaria o fazer parte de uma comissão de inquérito aos serviços da Agência Financial. Que nessa comissão tomem parte todos os Srs. Deputados que se tenham distinguido na sanha do ataque ao meu procedimento. Suspenda-se o concurso até que se apurem os resultados desse inquérito. Nesse sentido, mando uma proposta para a Mesa.

Exauridos de ouro, com a nossa situação externa comprometida, com o futuro da Agência Financial incerto, possível é que as nossas decisões acarretem bem tristes dias para o País. Mas que este então nos julgue —a uns e a outros. Que ele compreenda então onde estava o desejo honesto de bem servir a sua terra através de tudo, ou o desejo mercenário de bem servir as clientelas partidárias.

Que o País, olhando para este triste exemplo, se levante, numa onda de indignação que, .caminhando do norte ao sul, varra todos os escalrachos daninhos de uma política de personalismos irritantes. Por fim, com a alma retalhada de amarguras, aguardo os acontecimentos. Sinto, no meio de tudo, apesar de todas essas amarguras, um íntimo consolo que me vem da paz da minha consciência. E tam doce sacrificar-se a gente pela sua terra, é tam bom saber a gente ser português!

E, posto isto, meus Senhores, tenho dito. O orador foi cumprimentado.

O Sr. Ferreira da Rocha (para explicações):— Sr. Presidente: pedi de propósito a palavra para explicações, por-

que, havendo resolvido eu próprio que não interromperia o Sr. Ministro das Finanças, julgo que, em questões de facto e afirmações que S. Ex.a tenha feito, e que não correspondam de forma alguma àquilo que havia pronunciado nesta Câmara, me cabe imediatamente o dever de pôr as cousas no seu devido lugar. Não usei do processo de interrupção porque entendo que é inconveniente na discussão de tam importante assunto, e para de forma alguma a converter em diálogo. Não interrompi, portanto, o Sr. Ministro das Finanças, ainda mesmo nas ocasiões em que S. Ex.1 me atribuía palavras ou frases que eu não havia proferido, e em que S. Ex.a se colocava respondendo a uma argumentação que eu não havia apresentado.

Assim, compreende-se que a melhor íorma de pôr desde logo as cousas no seu lugar é pedir a palavra para explicações, sem prejuízo de novamente me inscrever, para então discutir a argumentação do Sr. Ministro das Finanças, e, nestas circunstâncias, tratarei de repor imediatamente no seu lugar três pontos principais da minha argumentação, não deixando ficar a Câmara sob a impressão de que S. Ex.a respondeu à argumentação que eu não produzira.

O Sr. Ministro das Finanças não ouviu bem as minhas palavras. Se S. Ex.a quisesse ver as próprias notas taquigráficas não encontrava essa afirmação feita por mim.

Eu disse só que havia a possibilidade de se terem feito especulações à sombra da Agência Financial, que reconhecia essa possibilidade. -^ Foi isso que eu afirmei.

Desde o princípio desta discussão eu disse que qualquer banco podia ter feito essa especulação, mas que tanto podia ser o banco A como o banco B.

Não acusei qualquer banco de que tivesse feito especulações, e não o fiz porque não tenho provas, e só faço uma afirmação dessas quando a posso provar.