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Diário da Câmara dos Deputados

do contrato e o escalonamento das amortizações por todo esse período.

A pressa com que tentei proceder deriva não só da circunstância do querer evitar, pela rapidez da acção, um barulho que pode sor funesto para os destinos da Agência Financial, como também da imediata urgência de pagamentos em ouro, que comprovei pela exposição das necessidades do Estado e pela leitura de um telegrama em que os nossos banqueiros em Londres se recusavam a confirmar um crédito aberto por nós, por ficarmos, com essa abertura, a descoberto em cerca do 80:000 libras.

E, para que não nos encontrássemos, de novo, em Janho nas mesmas condições em que agora estamos, comecei, ao mesmo tempo que pensava no presente, a acautelar o futuro. Tentei por isso uma operação de crédito externo, que já declarei aqui no Parlamento estar assegurada, mas a que não é estranho em parte o grupo português ligado ao Banco Português do Brasil. E tive a doentia ilusão de pensar que os meus compatriotas me ficariam gratos por ter assim encaminhado, num bom sentido, a administração das finanças portuguesas e por ter aberto novas vias à economia nacional. Em vez disso, porém, as quadrilhas organizadas da minha terra querem-me apontar às iras do povo como seu inimigo.

É a velha história, tam velha como o próprio mundo. Refiz-me das minhas perigosas ilusões. E o antigo pessimista sistemático que eu sou limita-se hoje a encolher os ombros.

É isto, afinal de contas, a vida...

Mas o Sr. Deputado oposionista dá-me conselhos, preciosíssimos conselhos, que são bocadinhos de ouro que parecem saídos da própria boca de S. João Crisóstomo. Aconselha-me a ir à praça comprar as libras que me faltam e até alvitra que a operação* se pecTe^fazer por intermédio do B*atLfio de'fof togai.

Isso qutfrjain aqueles que pensam aproveitar as desgraças da hora presente para sobre os escombros e ruínas do existente cavarem os caboucos e erguerem o edifício da sua fortuna pessoal. Isso queriam eles. Em quanto, porém, eu for Ministro das Finanças, tal se não fará, na larga escala e nas larguíssimas proporções em que, para fazer face a todas as necessi-

dades de ouro do Estado, mester era que se fizesse.

Outros remédios procurarei para a situação. Ponho de parte esse. para que o Partido Liberal o empregue quando estiver no Poder e os conselhos do Sr. Ferreira da Rocha caiam em bom terreno, no terreno propício a essas operações.

Ironicamente, o Sr. Ferreba da Rocha se referiu, a propósito, à minha frase, que já se vai transformando num velho refrain, de que o Estado é a única entidade portuguesa que ainda tem crédito.

E pregunta-me porque é que a essa capacidade de .crédito não recorro, dela usando e abusando segundo a» circunstfm-cias.

Mas, Santo Deus! Toda a minha acção tem sido condicionada a esse pensamento, à custa desse crédito tenho até agora feito face aos pagamentos inadiáveis que resultaram para mim de compromissos tomados pelos Governos anteriores, e sobre ele erguia" o programa da minha acção futura.

Não me iludi nas minhas esperanças sobre as possibilidades de salvação que para o país resultavam dessa capacidade de crédito, que excede as minhas melhores esperanças. Unicamente, me iludi acerca da maldade dos portugueses, que, como os fariseus, se assemelham a —sepulcros caiados por f ora e podres por dentro.

Dá-me ainda o Sr. Deputado oposio-cionista outros preciosíssimos conselhos de que não quero deixar de fazer o devido registo. <_ com='com' que='que' de='de' aos='aos' crise='crise' concursos='concursos' fazer='fazer' do='do' pelo='pelo' povo='povo' seguida='seguida' deixo='deixo' pagar='pagar' nos='nos' preço='preço' custo='custo' até='até' das='das' ouro='ouro' meios='meios' não='não' pela='pela' _='_' radicais='radicais' a='a' seu='seu' abandono='abandono' entregando='entregando' provocados='provocados' e='e' em='em' aqui='aqui' trigos='trigos' j='j' piio='piio' moageiros='moageiros' directamente='directamente' o='o' p='p' política='política' recorro='recorro' aquisição='aquisição' pagamento='pagamento' obrigando='obrigando' sua='sua' porque='porque' subsistências='subsistências'>