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Sessão de 17 de Janeiro de 1921

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graficamente, para o Rio pela Direcção Geral da Fazenda Pública.

• Os câmbios a que o Banco Português do Brasil faz a conversão de escudos em réis e de réis em libras são diariamente registados, e comunicados mensalmente num mapa, visado pelo Agente Financeiro, à Direcção " Geral da Fazenda Pública.

O Agente Financeiro, além disso, envia ao mesmo tempo as cotações diárias da Câmara Sindical, do London Brasilian Bank, do London & Ri ver Plate Bank, do British Bank, do Banco Nacional Ultramarino, do Banco Franco-Italiano, do City Bank of New-York e do Banco Português do Brasil.

Pelo exame superficial das contas da agência, fiquei com a impressão de que os câmbios a que se faziam as conversões de réis em escudos e em libras eram relativamente favoráveis, não sendo de considerar lesivos para os interesses nacionais. .

De resto, se houve lucros por virtude daquelas disparidades, isto depõe a favor do Banco, cujo interesse consistiria em eliminá-los artificialmente, para não ter de partilhá-los com o Estado.

Mas voltemos ao capítulo de especulações.

Se as houve na realidade —e o seu mecanismo possível fqi já nesta Câmara analisado por mim— a única forma de as reduzir e atenuar — expliquei eu também nessa ocasião — é reduzir a importância de cada saque a tomar sobre o nosso país; guardando para si o Estado o direito de fixar este máximo, ele conserva suspensa sobre a cabeça dos especuladores a clássica e ameaçadora espada de Damocles.

Por ora, não lhe convirá usar desta arma, porque as remessas de ouro são ainda inferiores às suas necessidades, não lhe importando por isso muito que uma parte desse ouro, só'na aparência, provenha do Brasil.

De futuro, porém, essa arma pode tornar-se preciosa.

Mas o Sr. Ferreira da Rocha, que nestas cousas pretende atingir a perfeição absoluta, quere a agência sem ligações com qualquer banco, e fantasiou um complicado sistema de transacções.

Do Rio de Janeiro anunciaram que uma compra de libras, se poderia efectuar, a

divisa cambial determinada. Em Lisboa, uma entidade oficial, como a Junta do Crédito Público, andaria pelas esquinas, não dando por bom o câmbio oficial, a espreitar o câmbio possível das transacções de Lisboa s/Londres.

A referida entidade verificaria se se respeitava a paridade querida do Sr. Leio Portela, ou seja se

A=0,001j>

E, feitas todas estas investigações e todos estes cálculos, ordenar-se-ia daqui para o Rio de Janeiro que se íechasse a transacção, ou que se pusesse de parte.

£5 Mas isto chama-se como, meu Deus?!

No meu vocabulário só se encontra uma palavra — disparate— que combinada com outra—chinesice — pode dar a noção do arrevesado de tal fantasia.

Não merece a pena perder tempo com a sua análise, porque isto, em matéria de operações bancárias, tem a mesma utilidade que o bibelot chinês pode ter para a satisfação das necessidades reais da vida: é inútil, gracioso e, pela contorsão das figuras, dá mesmo vontadeade rir.

i E é isto — este bibelot — que o Sr. Ferreira da Rocha fantasiou para contrapor às minhas observações e aos meus raciocínios !

Uma cousa, comtudo, eu não posso deixar sem reparo.

Não se fia o desconfiado Sr. Ferreira da Rocha no câmbio oficial da praça de Lisboa.

Não é com cousa tam simples qae se deixa enganar um finório da sua força.

Pois este Sr. Ferreira da Rocha é o mesmo que acreditava, como o Sr. António Granjo, nas cotações dos trigos na praça de Londres.

Oh! Essas pareciam a S. Ex.a tam matematicamente certas, que no seu espírito não entrava, já não digo a sombra — a penumbra de uma dúvida.

S. Ex.a acreditava, como igualmente acreditava, o Sr. António Granjo.

Mas agora S. Ex.a perdeu a crença. *

Pois que Deus lha faça renascer de novo a sua crença fácil doutras eras!