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Sessão de 17 de Janeiro de 1921

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cuidados e de trabalho de todos os dias e de todas as horas.

O que tudo me parece suficiente para destruir o argumeuto do Sr. Ferreira da Rocha.

Especulação pode havê-la com a Agência, alojada dentro do Banco Português do Brasil, ou instalada em casa própria.

E esta especulação tanto a pode ter íeito o Banco Português do Brasil, como outro qualquer.

Já aqui nesta Câmara provei com sólidas razões que tudo indica que outros bancos possivelmente a fizeram em maior escala.

O que se deve averiguar é se as cláusulas novas que pretendo introduzir no contrato restringem ou não em muito o campo da especulação.

Sustento eu que sim, afirma o Sr. Ferreira da Rocha que não; adiante me ocuparei do assunto para me não afastar da ordem seguida na sua exposição pelo Sr. Deputado oposicionista.

O Sr. Ferreira da Rocha não demonstrou, aliás, a inanidade dos meus receios de que o futuro da Agência Financial possa ser comprometido pelo barulho que, para me derruírem, à volta dela se tem íeito, apela para a circunstância de vivermos em regime democrático para provar que seria impossível manter secreto este contrato, desde que a opinião pública exigia a sua publicidade.

Registo com prazer que é a vez primeira que aqui, nesta Câmara, o Sr. Deputado oposicionista faz variações no bordão da democracia e dos seus princípios imortais.

Tem S. Ex.a mantido sempre um desdém de homem superior para com o agitar das multidões: — e esse desdém foi S. Ex.a bebê-lo nos papiros tradicionais do antigo Partido Unionista.

Nesse ponto, como em todos os outros, eu não tenho que torcer antigas opiniões para aceitar como. bom o princípio da obediência aos ditames da opinião publica republicana. Simplesmente me resta saber se toda essa gritaria não será apenas motivada pela ânsia da reacção em íerir o regime que a audácia heróica duns tantos iluminados proclamou, a tiros de canhão, na madrugada de 5 de Outubro de 1910. E, mesmo que houvesse o desejo

dama parte da opinião republicana em dar a todo este assunto a máxima publicidade, restava-me ainda o direito de censurar asperamente aqueles que, contra os interesses do País e numa guísalheira ar-lequinesca, andam a provocar a eclosão de mais uma desgraça para a nossa terra— desgraça com os seus laivos de humilhação à mistura.

A função dos homens públicos é prever os acontecimentos e não apenas dar remédio às situações criadas. No meu ple-níssimo direito, informado acerca do que se passa no Brasil, como era mester que o estivesse, encaminhei num certo sentido o meu procedimento. Os Srs. Deputados oposicionistas, com o fito de íazerem uma oposição sistemática, contrariam a minha atitude, sem conseguirem fazer a demonstração de que melhor serviria os interesses do País pautando o meu procedimento por aquilo que eles me aconselham. O País que nos avalie a todos e que a todos nos julgue. Por mim, creiam, nSo receio o seu julgamento na imperturbável paz e serenidade da minha consciência.

Depois do aspecto político, o Sr. Ferreira da Rocha passou a analisar o aspecto económico e financeiro deste problema nacional.

Permita-mo a Câmara que eu leia do relato da Pátria dois períodos para os quais desejo chamar a sua esclarecida atenção:

«As vantagens de carácter económico— diz o Sr. Ferreira da Rocha— resultam, evidentemente, de a Agência Financial de Portugal no Rio de Janeiro poder transferir para Portugal as economias de todos os portugueses ali residentes e as remessas de todos aqueles que têm relações comerciais com Portugal. E, sem dúvida, grande vantagem económica e nacional para o Estado que os saques em libras, destinados à cobertura das remessas dessas quantias, venham directamente para a posse do Estado, dispensando-se assim os intermediários, que nas praças do nosso País as teriam, fora dessa hipótese, à sua disposição».