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Diário da Câmara do& Deputados

-me ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a * * *

O Sr. António Granjo: — Sr. Presidente: em nome do Partido Liberal, associo-me também ao voto de pesar proposto por V. Ex.a

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Liberato Piuto): — Sr. Presidente: em nome do Governo, associo-me ao voto de sentimento proposto por V. Ex.a

O Sr. Presidente : — Vai entrar-se na ORDEM DO DIA

Continuação do debate sobre a denúncia

do contrato da Agência Financial

do Rio de Janeiro

O Sr. Ministro das Finanças (Cunha Leal): — Sr. Presidente: nesta campanha da Agência Financial, que é um exemplo do que valem as nossas mesquinhas lutas neste período desolador do decadência, os políticos que me atacam —em que lhes pese — não passam da guarda avançada de um exército cujo grosso é constituído pela Finança.

Faço a alguns desses profissionais da política a justiça de os não acusar de irem receber a liçAo, que aqui vem expor, à Rua dos Capelistas. Mas uns e outros — os que lá vão, como os que lá não vão— sofrem a influência do ambiente que a alta banca soube criar por meio de certos órgãos da imprensa. Não será, pois, motivo do estranhezas que, deixando por vezes de lado os que me atacam, eu vise, nas minhas palavras*, os outros— os meus inimigos invisíveis.

No intuito de me diminuir, o Sr. Ferreira da Rocha, como quer que eu tenha lm,78 de alto— o que faz com que a minha cabeça suba um pouco mais acima do que a de muitos que sorriram ao ouvir as suas palavras — começou por me comparar, ironicamente, aos gigantes que o grande humorista inglês "Wells fantasiou crescendo até a altura de 9 metros, por terem ingerido o alimento dos deuses, que um sábio químico inventara por mal dos seus picados. E, na sua também irónica modéstia, o ilustre Deputado a si próprio se comparou a um daqueles pignfeus que,

pelo número, conseguiram vencer os gigantes.

Emfim, chinesices que não ficam mal, nem mesmo a pessoas sérias, graves e ponderadas.

E, vai então, emquanto S. Ex.ame dardejava os raios incisivos e ardentes da sua oratória oriental, eu lembrei-me daquela Guerra dos mundos, que, igualmente, devemos à exuberante imaginação do ilustre escritor já citado. E comparei o Sr. Ferreira da Rocha— homem de outro mundo diferente do meu— a um daqueles habitantes de Marte, qnási reduzidos a cérebro, que, armados de meios de destruição novos —os célebres raios verdes— iam, por esta velha Terra, espalhando o incêndio, a destruição e a morte. E é que o Sr. Ferreira da Rocha, com o raio verde do seu talento, ia-me reduzindo a torresmos, na opinião dos seus amigos e admiradores.

Mas, com queimaduras ou sem elas, aqui me tcrn o ilustre Deputado a responder-lhe.

E creia S. Ex.a que, apesar de tudo, eu reputo mais perigosos, por causa da sua vileza, os meus inimigos invisíveis.

Recorda-se também, por certo, o Sr. Ferreira da Rocha, que deve ser lido em literatura inglesa, daquele outro romance em que Wells encontra maneira de tornar invisível o personagem principal, mercê de, por uma sábia preparação, se ter tornado igual ao do ar o seu índice de re-fracção.

Um dia, o homem lembra-se de rouBar um estabelecimento, e, executado o acto criminoso, sai para o meio da rua nu e invisível. E o público que ia descuidado por ali fora, assiste ao estranho espectáculo de uma série de moedas de ouro, tilintando, a deslocarem-se por si só no espaço.

Só por esse ruído se denunciam os meus inimigos invisíveis; pelo tilintar do ouro com que foram comprados ou pelo tilintar do ouro com que querem comprar os outros.

O Sr. Ferreira da Rocha, como o Sr. Leio Portela, não pertencem essa a categoria: eis porque menos os r?ceio.