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8e#são de 19 de Janeiro de 19Ê1

O Orador: —

Ex.

quere que eu

diga? Então eu direi a V. Ex.aá que depois de ter desaparecido Sidónio Pais, e depois de ter triunfado a República em Monsanto, seria naturalissimo que os republicanos então, todos unidos, que os republicanos dessa conjunção que derivou de Monsanto, e na hora em que todos se deram as mãos, tivessem olhado por cima das fronteiras e dissessem a nós outros que por lá, andávamos escorraçados: venham para cá, não para virem ocupar os seus antigos lugares, mas porque os republicanos precisam que vocês venham para junto deles.

Tal não se tez, porém, sucedendo exactamente o contrário!

Esperámos longos dias por essa chamada. Ò Sr. Norton de Matos telegrafou para o Ministro da Guerra de então, dizendo que desejava partir imediatamente ; passaram-se alguns dias e a resposta que lhe chegou, foi que1 o Governo agradecia a sua lembrança, mas quando S. Ex.a foi ao consulado a solicitar o passaporte, foi-lhe dito que se demorasse mais alguns dias. Ao Sr. Afonso Costa também sucedeu facto idêntico, e junto de mim, na minha obscuridade, também chegaram camaradas meus a Paris, dizendo que eu seria reintegrado na Marinha, com a condição de não voltar tam cedo a Portugal.

E, Sr. Presidente e Meus Senhores, como eu não costumo dizer nada sem ter as necessárias provas, vou ler a V. Ex.as os documentos comprovativos, que mostram o que foi essa ignóbil cliantage política.

Sr. Presidente: são bem tristes estes factos, mas já é tempo que sejam do conhecimento -de todos. E compreendem V. Ex.as muito bem que esta mágoa, que o Sr. Afonso Costa legitimamente conserva no seu coração, como aquela que eu tenho e o Sr. Norton de Matos certamente, talvez dificilmente passará.

Reatando, todavia, o fio das minhas considerações, eu direi que também terei necessidade de me referir à nossa Delegação à Conferência da Paz, e hei-de fa-zê Jo com o mesmo desassombro com que o fiz da última vez que faloi aqui a esse respeito, sem me preocupar com as explicações e interpretações que lá fora se pretenda dar aos meus gestos. Eu bem sei — ó da história — que na esteira dos grandes homens, que na esteira dos gran-

des da terra, navega sempre um grande cardume de centauros, de charameleiros, prontos sempre a erguer às nuvens, com grande barulho, às vezes apenas uma simples palavra do seu ídolo, mas também sempre prontos, logo que antevêm o seu fulgor a desaparecer, a agredi-lo com setas envenenadas. Todavia, também sei que se esses homens forem verdadeiramente grandes e, sobretudo, se forem ho-mens do nosso tempo, que eles conhecem muito bem, eles não têm de dar. a essa gente mais importância do que aquela que ela merece. Conhecem muito bem que os tempos não vão para dogmas, que a infa-libidade desapareceu, e que a nossa inteligência, quer ela seja tam grande que se contenha no castão duma bengala, quer ocupe o espaço duma basílica, não pertence a ninguém, não é grilheta que nos amarre ao carro triunfal seja de quem for.

O Sr. Presidente:—

Já há muito que V. Ex.a excedeu o tempo que lhe cabia para usar da palavra, mas eu não o quis interromper.

Tendo dado, porém, a hora de passar--se à ordem do dia, e estando o Sr. Eduardo de Sousa inscrito pa"a um negócio urgente na presença do Sr. Presidente do Ministério, Y. Ex.a só por deliberação da Câmara poderá continuar no seu discurso.

Vozes: — Fale, falei

O Sr. Presidente: — Em vista da manifestação da Câmara, pode V. Ex.a pro-seguir.

, O Orador: — Agradeço à Câmara a sua atenção.

Sr. Presidente: quantas vezes o Sr. Afonso Costa não se terá sentido vexado com as cousas espantosas c tremendas que, a propósito dos seus mais pequeninos gestos, se têm dito e escrito! Tomo só para a sua reputação de grande estadista, de homem eminente, de grande patriota e republicano, ele precisasse dessas sabuji-ces, perdoe-se-mc o termo, que aliás é bem português!