O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12

Diário da Câmara dos Deputados

torna estimado e apreciado pelas suas grandes virtudes e qualidades de trabalho e honestidade, possa usufruir o bem estar que merece?

Em primeiro lugar eu considero que é desnecessário educar a nova geração. Em vez de estarmos a aumentar as universidades, devemos pegar, corajosamente, em trezentos ou quatrocentos rapazes, escolhidos de entre os mais classificados que saiam dos liceus e mandá-los para. o estrangeiro : Inglaterra, Alemanha, Bélgica •e América.

Poderíamos fazer isto. com a certeza de que esses rapazes que para o estrangeiro fossem, quando um dia regressassem ao seu país viriam mais amigos da sua pátria do que o eram quando dela saíram. Teríamos depois um núcleo de técnicos de que tanto necessitamos para fazermos mais alguma cousa do que brigarmos em matéria política. .E, Sr. Presidente, quando esses rapazes, regressados do estrangeiro, de cabeça bem levantada, passassem, por certas artérias da cidade de Lisboa, fariam com a sua simples presença, que essa enorme turba de indivíduos do sexo não definido fugisse envergonhada.

Fariam abalar essas criaturas que usam intrometer-se com as senhoras, csquecen-do-se que há uma plataforma em que homens e senhoras se entendem, sejam quais forem as ideas que se professem, que é a aversão por todos esses entes que não têm SPXO definido.

Necessitamos mudar de vida.

Precisamos de ser firmes na nossa acção diplomática.

Precisamos de ser enérgicos, e necessitamos considerar que, se é certo que às vezes somos acusados de nada fazermos nas colónias, outras vezes, como sucede na imprensa da África do Sul, nos acusam de fazermos tanto que até já nos constituímos em sanguessuga perigosa, no flanco norte da província de Moçambique.

Precisamos quebrar o isolamento político, económico e financeiro ern que nos debatemos.

Quando isto se consiga, poderemos dizer serenamente, mas com firmeza, aos representantes dos países que tanto amamos e com os quais mantemos as mais estreitas relações, quando se permitam eles ou os seus Governos, como há pouco ainda sucedeu, dar-nos os seus conselhos:

muito obrigado, mas em nos.sa casa governamos nós conforme melhor entendamos.

Só nessa hora, nós poderemos ter o justo orgulho de ter nascido na boa terra portuguesa.

Para terminar direi: só então, quando nós formos, como costumamos ir, em romaria visitar os túmulos em que jazem os restos mortais dos autênticos propulsores da República, como Cândido dos Reis, Miguel Bombarda e outros, poderemos olhar essas sepulturas sem D receio de que delas se ergam esses ilustres mortos, para nos atirarem à cara, os pedaços dos seus caixões.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Pereira): — Sr. Presidente : agradeço as palavras amáveis que me dirigiu o Sr. Leote do Rego, ao iniciar o seu discurso, e lamento não ter tido conhecimento antecipado de que S. Ex.a desejava referir-se aos assuntos de que tratou, para poder dar uma resposta cabal a todas as considerações que S. Ex.a eloquentemente produziu.

Mas não se tratava de uma interpelação, e o Sr. Leote do Rego só quis fazer considerações de ordem geral e vária; pelo que não tenho neste momento, nem a preparação indispensável »;om os elementos concretos de que poderia ter-me fornecido se tivesse recebido ama nota de interpelação, nem S. Ex.a cuis dar aos assuntos versados, a importância de apresentar essa nota, ou de me avisar, ao menos, sobre quais os pontos a que no seu discurso desejava referir-se.

O Sr. Leote do Rego fez algumas considerações muito patrióticas, com as quais estou inteiramente de acordo, como decerto de acordo está com elas toda a Câmara e até o País.

Mas, Sr. Presidente, no discurso de S. Ex.a houve também referências que não considero justas e a elas vou aludir.