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Sessão de 19 de Janeiro de 1921

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Bruxelas elevadas a embaixadas e, o que é mais, a sua moeda valendo mais do que a francesa; e viu também a sua situação em todas as conferências esplendidamente colocada, e vendo-se acarinhada por todos na figura desse Rei-Soldado, cuja visita nós nos honramos em ter e que foi disputada à porfia por todas as nações.

A Roménia, a Sérvia, etc., triplicaram o seu território.

O Brasil, que não deu quasi um passo, e apenas mandou uma brigada à França, de médicos e aviadores, viu imediatamente um representante na Sociedade das Nações e entrou na posse dos navios alemães; e ainda há poucos dias teve de ocupar uma demonstração maior em Genebra.

A Holanda e a Dinamarca tiveram o seu território aumentado e a Tcheco-Slo-váquia também.

A Espanha, neutral, obteve todas as honrarias, tendo um representante também na comissão executiva da Sociedade das Nações. E, certamente, este carinho não derivava da circunstância de ela ser ,um grande credor da maior parte das nações aliadas.

Como se todas as nações presentes à conferência de Bruxelas, tivessem enriquecido durante a guerra têm hoje o seu câmbio favorável, emquanto que nós continuamos a viver da fantasia, e parece sem disposição alguma de nos corrigirmos dos erros e defeitos que fizeram com que o nosso esforço, esse gesto tam belo que foi a nossa ida para a guerra, sem o mendigarmos nem antes nem depois, e o esforço prestigioso feito pelo nosso representante na Conferência da Paz não tivessem o resultado que seria para desejar que tivesse tido.

De Portugal quasi ninguém tratou: não tivemos sequer cinco minutos de atenção em qualquer das Conferências.

Se não fossem os três discursos do Sr. Afonso Costa em cada uma das Conferências, ninguém teria falado em nós.

O que vi foi que se teria dado à Bélgica, à Holanda e até à China auxílio financeiro e que de nós. que estamos a braços com a mais tremenda crise financeira, ninguém se importa.

É certo que a Inglaterra se mostrou reconhecida carinhosamente à visita feita pelo ex-Ministro dos Estrangeiros o ilus-

tre diplomata Sr. Melo Barreto a Londres, esperando S. Ex.a estreitar cada vez mais os laços de aliança entre nós e a grande Inglaterra.

Mas eu pregunto: £ Durante este longo período de paz o que tem a Inglaterra feito por nós ?

Absolutamente nada, senão interessar-•se pela China e outras nações.

Na conferência de Genève alguém aconselhou a nos voltarmos para a França, esse país a que estamos ligados desde tanto tempo, não por uma aliança política, mas por uma aliança que vale mais.

Estão enterrados nessa terra alguns milhares de soldados portugueses que foram bater-se por ela e também se não fala aí de Portugal. Nem «sequer nessa hora que não foi longa, em que se fez a comoventíssima comemoração dos mortos, o próprio Sr. Poincaré, então Presidente da República, num artigo publicado no Matin, falou de todas as nações menos de Portugal.

Esqueceu Portugal e não se referiu aos nossos soldados, logo que os últimos regressaram!

Sr. Presidente: o primeiro agradecimento que nos fizeram foi o da proibição da importação dos nossos vinhos do Pôr-to, e ainda também essa tremenda campanha que uma grande parte dos jornais franceses está fazendo e a que se pode chamar uma verdadeira caçada, vendo-se em Paris os portugueses na necessidade de comprarem francos três vezes mais caros do que os compravam há quatro anos.

Mas não se deve, Sr. Presidente, atribuir, repito, esta situação somente ao estrangeiro, mas sim também a nós.

O que é um facto, Sr. Presidente, é que nós durante a guerra e através de todas as dificuldades, fizemos o máximo que podíamos fazer. (Apoiados).