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8e»éão de 19 de Janeiro de 1921

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Profiro estas palavras porque lhe são devidas.

Sr. Presidente: preciso de reíerir-me à circunstância de Portugal não ter representação no Conselho Executivo da Sociedade das Nações, para esclarecer a Câmara e o País sobre esse outro ponto do discurso do Sr. Leote do Rego. O Sr. Dr. Afonso Costa apresentou à Conferência de Genebra, da Sociedade das Nações, a tese da representação das nações pequenas naquele Conselho, pelo sistema do roulement. Essa tese não foi aprovada, é certo, a despeito da vigorosa defesa que o ilustre representante português produziu. Mas certo é também que de tal defesa resultou o facto de não ser rejeitada. Ficou a proposta do Sr. Dr. Afonso Costa para ser , considerada novamente, na próxima reunião da Assemblea Geral - da Sociedade das Nações, e tudo leva a crer — tenho essa fundamentada esperança— que venha então a ser aprovada. Escuso de encarecer a importância desse facto.

Aparte do Sr. Leote do Rego que não foi ouvido.

O Orador:—N,ão tenho nenhum conhecimento de que fosse pago esse trabalho-a V. Ex.a Desde que tenho a honra de ocupar a pasta dos Estrangeiros não autorizei qualquer remuneração e não me consta, nem acredito, que tivesse sido concedida por qualquer dos meus ilustres antecessores.

A propaganda que V. Ex.a, a favor de Portugal, tem feito no estrangeiro, mostra apenas que V. Ex.a lá fora aproveita bem o seu tempo, contribuindo para que se, desfaça muita inexactidão contra o nosso País.

Tenho realmente lido nos jornais franceses as entrevistas de V. Ex.a e por elas se verifica que V. Ex.a é um dos portugueses que, sem terem uma situação oficial lá fora, procuram louvavelmente dar a verdadeira impressão da nossa vida interna, tanta vez, até, deturpada no estran-gueiro por efeito de campanhas de portugueses pouco cuidadosos da nossa reputação. . '

A acção de V. Ex.a é digna de elogio e está dentro da sua tradição de patriotismo.

Sr. Presidente: vou falar do trabalho da .nossa delegação nas conferências interna-

cionais, £ ó necessário lembrar a tal rés l peito que foi devido a ela que Portuga, conseguiu obter representação na confe rência de Spa. Fomos mesmos os 'únicos que, entre as potências chamadas de interesses limitados, alcançámos essa representação, .j

O Sr. Leote do Rego disse que como resultado da conferência de Spa, a Portugal foi distribuída, nas reparações a pagar pela Alemanha, a percentagem apenas de 3/s por cento. Há manifestamente um equívoco da parte do ilustre Deputado.

Se me não falha a memória — e recordo de novo que não estou respondendo a uma/ interpelação, mas de improviso e sem os elementos que poderia trazer à Câmara se se tratasse de uma interpelação — na conferência de Spa, onde os interesses nacionais foram brilhantemente defendidos pelo Sr. Afonso Costa, re-conhece.u-se que, para compensação dos prejuízos que nos derivaram da guerra, nos devia ser fixada a percentagem de 3/4 por cento e não de 3/s> como diz o Sr. Leote do Rego. S. Ex.a deve estar equivocado.

Sr. Presidente: a nossa representação diplomática deve ser firme, enérgica e moderna, disse também o sr. Leote do Rego. Deve ser obrigada a tratar cuidadosamente dos assuntos nacionais, na base em que as condições actuais exigem, e não entreter-se apenas em jantares e chás. Estou de acordo. Mas as referências do Sr. Leote do Rego não são inteiramente justas. Temos excelentes diplomatas entre a nossa representação no estrangeiro, e nas instruções que o Ministério lhes tem dado não se esquece o interesse nacional.

Tem-no feito os meus antecessores, fê-lo o último, o Sr. Melo Barreto, na direcção da política externa. Mas os jantares e os chás não são incompatíveis coin o bom desempenho das funções diplomáticas.

Eles servem para estabelecer e intensificar relações tanta vez úteis para o bom • êxito daquelas funções.