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Diário da Câmara do í Deputados

Finanças, tem sido alvo e até me recordo de lhe ter dito que a sua obra não era mais do que a inutilização de V. Ex.a, sem benefício para si próprio e sem benefício para o País.

E efectivamente V. Ex.a, neste momento, mal compreendido por um País à beira do abismo, levantou contra si os clamores públicos, sem que haja o reconhecimento dos seus esforços e da sua inteligência, inutilizando-se sem benefício para ninguém.

Aguardo, pois, que o Sr. Ministro das Finanças me elucide acerca do assunto a que me referi.

O orador não reviu.

O Sr. Jorge Nunes: — Sr. Presidente: de tal modo, durante tanto tempo tem sido debatido o caso da Agência Financial de Portugal no Rio de Janeiro, que eu quási me escusava de intervir nesta discussão se não fosse a forma inconveniente como o Sr. Ministro das Finanças se pronunciou tanto no primeiro como no seu último discurso.

Eu, que vejo em S. Ex.a um velho parlamentar^ entendo, como velho parlamentar também, que não devia ficar silencioso perante a forma como S. Ex.a se dirigiu aos políticos deste País e à Câmara.

O caso da Agência Financial de Portugal no Rio de Janeiro, se é corto que é um assunto que não devia sair do campo financeiro, foi, no emtanto, de tal forma posto pelo Sr. Ministro das Finanças, que eu entendo que sob o ponto de vista da moral política também deve ser apreciado.

Sr. Presidente: a moral é uma só, diz--se e eu não o contesto; mas das palavras do Sr. Ministro das Finanças pode concluir-se que a moral diz apenas respeito à vida particular de cada um e é indispensável que nós, como políticos e homens públicos, acentuemos bem que essa moral tem de tornar-se extensiva a todos os actos, da nossa vida sejam eles quais forem.

A forma como o Sr. Ministro das Finanças se dirigiu aos políticos, no número dos quais eu estou incluído, evidenciou bem aquela inconveniência própria dum homem novo, inteligente, ó certo, mas sem a noção do que ó a vida pública, o

que* ó a vida do país, obrigando-me, por isso, a levantar aqui o meu protesto contra a forma como se conduz quando de-íende os seus pontos de vista.

Sr. Presidente: eu não vou cansar a Câmara argumentando com algarismos. A forma superiormente inteligente como o fizeram —e sem desprimor para nin-, guém— os meus ilustres colegas e correligionários Srs.. Leio Portei i e Ferreira da Rocha, dispensam-me de seguir até os mínimos detalhe < nesse terreno.

O Sr. Ministro das Finança*, trabalhando com os algarismos, propôs-se demonstrar que a verdade estava ccmsigo; mas eu tenho a certeza de que S. Ex.a não modificou absolutamente em nada o juízo da Câmara, porquanto ela, nas primeiras palavras de ataque à obra de S. Ex.a mostrou bem que nenhuma dúvida tinha acerca do que era o caso da Agência Financial de Portugal no Rio do Janeiro.

Neste lugar e sem pretender fazer política de oposição à outrance, eu devo, naquilo que porventura possa atribuir-se ao Sr. Ministro das Finauças dizer alguma cousa que talvez sirva, não para S. Ex.a me responder, mas para não interpretar mal as minhas palavras.

Fazendo justiça a todos:

A Agência Financial do Rio de Janeiro não é obra de S. Ex.*

A Agencia Financial cometida a um Banco particular, obra de S. Ex.a também não é.

Mas, Sr. Presidente, alguns motivos fortes, e não aqueles que foron expostos por S. Ex.a, devem forçosamente existir para que o Sr. Ministro das Finanças à pressa, de afogadilho, como se estivesse com uma corda na garganta, tivesse providenciado, acerca dos serviços prestados por essa Agência nas suas r3lações com o Estado, como o fez, de modo a não aguardar que o Parlamento abrisse e só pronunciasse a esse respeito.