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Sessão de 24 de Janeiro de 1921

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É que depois dum ataque cerrado na imprensa, depois duma revolta justificada, quási unânime, da opinião pública, o Sr. Ministro dás Finanças, que entendia nesse momento ser absolutamente indispensável encerrar o novo concurso no dia 8, véspera da abertura do Parlamento, declarou depois possível prorrogar esse prazo até o dia 30 de Janeiro.

Já V. Ex.a aqui vê ou uma incoerência do Sr. Ministro das Finanças ou uma amende honorable, cousa a que S. Ex.a não estava habituado e que no seu primeiro discurso confessou ter praticado uma vez apenas, mas que nunca mais —por sua honra o disse—assim procederia.

Sr. Presidente: esse concurso tinha de se encerrar fatalmente no dia 8, o Parlamento abria no dia 10, e o concurso que tinha impreterivelmente de se fechar nesse dado momento, repito, já se pode tornar extensivo até 30 de Janeiro, como também disse.

Cousa curiosa, outra contradição entre as palavras do Ministro e a sua acção, os seus actos, é que S. Ex.a veio aqui propor à Câmara, e está pendente da sua resolução uma proposta, isto é, propôs o adiamento indefinido da questão.

£ Porque razão eu aludo e insisto nestas datas, nestes perigos iminentes que se afastaram com tanta facilidade?

É que também não compreendo que estando o Sr. Ministro das Finanças a negociar um empréstimo de 50 milhões de dólares — e como Ministro das Finanças tem o dever de acompanhar essas negociações hora a hora, minuto a minuto', sabendo, porque. o confessa, essa conclusão se tira das suas palavras, como essas negociações estavam adiantadas— o Sr. Ministro das Finanças no mesmo dia em que declara que prorroga o prazo para mais um mês, na ante-véspera nem mais um dia, veio dizer à Câmara, orgulhoso, que o empréstimo está garantido, que por um telegrama recebido, mas que não leu à Câmara, sabe que elo acaba de realizar-se, v

Então pregunto a V. Ex.a, pregunto à Câmara o ao país, como ó que um Ministro que está em negociações para um empréstimo, segundo o confessa, <ícomo que='que' de='de' empréstimo='empréstimo' dólares='dólares' anda='anda' é='é' ruinoso='ruinoso' garantido='garantido' p='p' milhões='milhões' ministro='ministro' engan-='engan-' um='um' tendo='tendo' _50='_50' concurso='concurso' negociando='negociando'>

chando-lhe um suprimento apenas de 500 mil libras?

Sr. Presidente: se assim é, porque assim ó,

Não seria isto preíerível?

Se S. Ex.a assim -tivesse procedido já não tínhamos a esta hora de fazer quais-quer referências ao caso da Agência Financial, nos termos em que o fazemos.

Sr. Presidente: sou Deputado desde que há República; ainda no tempo da Monarquia fui candidato republicano.

Pela palavra e algumas vozes na imprensa proclamei, emtim, as excelências do regime em que vivemos ma s ali naqueles lugares em que vejo Ministros, quási sempre em situação desafogada mas lutando com enormíssimas dificuldades, nunca vi um só que se dirigisse como o actual Sr. Ministro das Finanças ao Parlamento.

Sr. Presidente: um Ministro não tem só a responsabilidade do que faz, e S. Ex.a como Ministro pouco tem feito; um Ministro desde que seja inteligente não pratica o mal porque quere, e estou certo que com S. Ex.a assim terá acontecido; um Ministro deve pesar bem as suas palavras, sobretudo sobraçando a pasta das Finanças, sabendo-se que cá dentro o lá fora uma palavra inconveniente que S. Ex.a profira ó o bastante para comprometer gravemente os interesses da Nação que lhe foram confiados.