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Sessão de 25 de Janeiro de 1921

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damento era o empréstimo, se o fundamento eram as vantagens desse empréstimo e se assim se justificava o concurso directo, notem, porque ao Governo Português eram emprestados alguns milhões de libras,

Mas há mais, Sr. Presidente. Tal era o meu desejo de conservar secreto o concurso, que convidei todos os concorrentes a assistirem à abertura das propostas^ j e veja o Parlamento como se fazem acusações à volta desta questão! Eu, que marquei o dia 9 porque queria caminhar depressa, não me lembrando de que o Parlamento abria dois dias depois, supondo até que abria no dia '13, e há dentro deste processo indicações de que nunca pensei fechar o contrato, sou acusado de fazer um concurso secreto, e quem me acusa disso ? j O partido ao qual pertence o contrato do carvão!

Mas disse o Sr. António Maria da. Silva, a quem estou grato pela circunstância de, embora adversário político, manter aquela absoluta e compatível correcção de atitude que é necessária nestas questões, disse S. Ex.a que eu tinha feito revelações inconvenientes para o crédito do Estado.

Ora o meu pensamento, ao fazer essas declarações, foi o de que ainda era possível galvanizar este país, e ainda mais do que a defesa da minha própria honra, que eu já disse que não sacrifico ao meu país, pode ser um defeito de homem público, mas não a sacrifico porque a hei-de defender sempre e em todos os campos, mas mais ainda do que a defesa da minha minha própria honra, julguei que essas revelações, deviam galvanizar o país, vendo as nossas desgraças e vendo que a obra do Governo não era a de um partido, mas sim a da Nação; eu julguei que essas revelações trazendo inconvenientes para o crédito do Estado, realizariam, todavia, o milagre da união de nós todos, realizariam o milagre de quebrar muitos obstáculos que eu não queria quebrar, não para me manter neste lugar, mas para que o País pudesse viver. (Apoiados).

Não estou, entretanto, arrependido de as fazer, porque o país nos avaliará a nós

todos; os que temos a linguagem rude dos homens que não estão aqui a representar uma comédia, mas a defender os interesses do seu país e de si próprios, quando' são atacados, e os outros, os cultores duma política que não quero seguir.

(Apoiados}.

Disseram-me que eu seria talvez o único homem que não seguia a política «de que S. Ex.as são cultores.

Não sou o único, mas, de facto, nunca fiz política dessa no meu Ministério. Sigo as directrizes do partido de que é chefe o meu querido amigo Sr. Júlio Martins, mas nunca fiz polítiquice, não sei fazer politiquice; faço política muito diferente daquela que tenho visto fazer a alguns.

Mas na discussão, durante este largo período em que falaram o Sr. António Granjo, o Sr. António Maria da Silva e o Sr. Jorge Nunes, não se produziu qualquer argumento novo de carácter financeiro. Com aquela solenidade que é habitual aos homens públicos quando pensam que os outros hão-de acreditar nas suas palavras, porque sairam das suas bocas e não porque foram objecto duma demonstração especial, S. Ex.as apenas disseram que concordavam com as palavras do Sr. Ferreira da Rocha e do Sr. Leio Portela.

Tudo o que estes Srs. disseram foi uni dogma, foi, a verdade absoluta. E, assim, afirmaram S. Ex.as: damos por assente que o milhão e duzentas mil libras não era preciso; damos como assente que essa quantia não se podia pedir; damos como assente que a operação dos bilhetes do Tesouro é uma operação mal conduzida e que a cláusula 3.a é uma cousa que não serve para nada.

Ora parece-me que nada disto está assente. Embora pese ao alto respeito que eu devo à grande inteligência dos Srs. Ferreira da Rocha e Leio Portela, creio que não lhes foi reconhecida ainda a in-faíibilidade e julgo que as suas palavras não são dogmáticas como as que se atribuem ao Papa. \

Antes de darem como absolutamente assente a sua opinião, deviam responder aos meus argumentos.