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Diário da Câmara dov Deputados

atmosfera propícia que animasse os homens que me atacam.

Tenho a certeza de que à .República convém não só que me defenda dos ataques que aqui me dirigem, mas também que aqui mesmo me defenda dos ataques que lá fora rne fazem.

Mal vai aos regimes que são servidos por homens desonestos. (Apoiados).

Estou aqui para me defender, e não apenas para falar àqueles que aqui me escutam, mas a todos os homens honestos da meu país.

Falo à Nação, através a's paredes desta casa, que não são as paredes dum túmulo, não para convencer V. Ex.as, mas para me dirigir à consciência de quantos homens honestos ainda haja na minha terra, para lhes dizer que mal vai à República quando a Kepública ó mal servida por aqueles que não sabem distinguir o bom e o mau, não compreendendo a gravidade das afirmações que fizeram. (Apoiados').

Não compreenderam, Sr. Presidente, ou não quiseram compreender, mas estou aqui, e estarei até o fim desta questão, para falar claro, alto e bom som, e dizer a verdade ao meu país, olhando os meus inimigos frente a frente, defendendo-rne deles em todos os campos e não os temendo. (Muitos apoiados).

Vários homens da República, Sr. Presidente, têm sido atacados violentamente, como, por exemplo, o Sr. António Maria da Silva, conforme já tive ocasião de dizer à Câmara, mas não tam violentamente como eu o tenho sido, e isto, Sr. Presidente, única e simplesmente por causa dos contratos dos trigos e do carvão.

Trata-se, Sr. Presidente, de homens que, durante a guerra, não souberam criar uma indústria nova, que não souberam desenvolver-se e que apertas souberam gerir companhias, aumentar companhias, as quais se encontram agora em condições de poder distribuir dividendos de 20 por cento e mais.

Já disse, Sr. Presidente, e torno a repeti-lo, quê esta questão da Agência Financial foi levantada única e simplesmente por causa dos contratos do trigo e do carvão.

O Sr. António Granjo disse que eu tinha chamado secretos a esses contratos. Repito que o contrato do carvão é se-

creto, e, para o provar, tenho aqui o original desse contrato.

Este contrato é assinado p'3lo Sr. Ino-cêncio Camacho, Ministro das Finanças, e pelo Sr. Cabral, mas nãO' se diz no contrato que esse senhor tenha procuração da casa Nápoles, com a qual é íeito o contrato.

Quando, no Governo do Sr. Álvaro do Castro, íui pela primeira V3z Ministro das Finanças, fui procurado por um representante da casa Nápoles, que me apresentou uma factura relativa a carvão, a qual apresentei em Conselho de Ministros, e que se referia a umas tantas toneladas de carvão.

O contrato do carvão estava assinado pelo Sr. Ministro das Finanças, não tendo, porém, a assinatura de "estemunhas ou de quem exercesse funções notariais.

Há uma cousa estranha, cue é o Ministro das Finanças substituindo-se a um controleur. Foi r por tudo isso que o Ministério do Sr. Álvaro de Castro não respeitou essa factura derivada desse contrato.

Ainda há pouco o Sr. Râgo Chaves disse que o concurso teria bastantes concorrentes. A Câmara sabe que a 26 casas foi mandada a circular do concurso, e eu soube logo que uma das casas mandara tirar 50 cópias dessa circular. ..

^Como podia o contrato ser secreto?

O Director da Fazenda Pública pre-guntara-me se só se deveria mandar a circular às casas principais, & eu respondi-lhe que seria mandada a todas as que estivessem em condições de poder garantir a concorrência ao concarso.

Assim, não podia ser um contrato secreto, j Secretos são aqueles contratos directos que se conchavam nos segredos dos gabinetes?