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Sessão de 25 de Janeiro de 1921

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tou nem requereu quaisquer dos documentos que mensalmente são enviados pela Agência à Direcção Geral da Fazenda Pública?

Se não se -tem usado de documentos oficiais, se o Sr. Ministro das Finanças não forneceu à Mesa, por lhe não ter sido pedido, qualquer documento, as considerações que têm sido bordadas denotam na realidade um bom espírito criador, mas visam apenas a um fim político e mais nada; são hipóteses ou invenções em que por vezes se manifesta a velha mania do moto-contínuo que ninguém até hoje ainda tinha realizado, mas que a Agência Financial veiu resolver e dar até uma velocidade de regime. Efectivamente chèga-se a admitir uma transferência constante do Rio para Lisboa e de Lisboa para o Rio, não se notando que cada operação tem a sua contrapartida e que esta muitas vezes pode não estar já à disposição do especulador. Estou mesmo convencido de que especulações se poderiam ter projectado ao começo do contrato de 1919 e que na contrapartida obteriam a sua própria ruína.

Fala se muito de Lisboa, Rio de Janeiro e Londres e sobre este triângulo se assenta toda a estratégia da especulação ; não há dúvida de quo^se especulação , existe ela assenta tanto naquele triângulo como a nossa situação financeira e económica, mas ainda ninguém demonstrou que a especulação se fez.

Aparte do Sr. Jorge Nunes que se tião ouviu.

O Orador: —São sempre assim os nossos inquéritos: preparar obra feita para submeter à crítica dos outros; nem todos poderemos fazer parte do inquérito, mas o que todos podíamos era ter estudado o assunto e consultado os documentos que jazem nos arquivos do Ministério das Finanças.

O Sr. Jorge Nunes: — Documentos que não existem e que, se existem, não são facultados aos Srs. Deputados.

O Sr. Ministro das Finanças (Cunha Leal): — V. Ex.a dá-me licença? Em-quanto a questão da Agência Financial esteve no pé em que eu desejava que fosse colocada, era absoluto segredo para

todos aqueles que não fossem interessados; de facto, eu, como o Sr. Inocêncio Camacho,, não forneci cópias de documentos, mas, desde o momento em que a questão foi assoalhada, mostrei-os logo aos Srs. Deputados que me procuraram, e devo dizer, o único que quis ir ao Ministério das Finanças foi o Sr. Pacheco

Ainda nenhum Sr. Deputado quis, por exemplo, atentar neste raciocínio: pode, digo eu, qualquer Banco fazer especulação como vender libras ao Banco de Português do Brasil, e eu tenho documentos que mostram que algumas vezes isso se pode ter feito, não sei se com intuitos de especulação, mas imaginemos que as vendiam a um preço alto( a 40)51000 réis a libra; chegadas aqui eles transformaram os réis brasileiros por que foram pagas as libras em escudos e com esses escudos vão comprar mais libras. £0 que convém a esses Bancos? Melhorar os câmbios? Não. As altas fictícias é que determinaram ficarem certos Bancos a descoberto. Tem-se estado à volta desta questão a explicar por meio duma certa tendência, que é a da baixa, certas manobras de especulação, quando as manobras de especulação se devem explicar por uma tendência para a alta.

O Orador: —Evidentemente se pode supor que duas entidades, uma no Rio o outra em Lisboa, tendo combinado um dia certo para se realizar uma transferência de réis brasileiros em escudos portugueses, e assegurando-se, por si ou por consórcio com outros, de que a Agência Financial lhes comprará as cambiais indispensáveis, realisarão a operação de entregar na Agência róis brasileiros e recobrarão logo os mesmos réis, menos a comissão de meio por cento, em troca de cambiais sobre Londres a noventa dias de vista para que aliás não têm a devida cobertura.