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Diário da Câmara dos Deputados

levantadas à sua volta; teríamos seis meses para preparar a solução futura em que se arrancassem, à sombra do enorme desenvolvimento que a Agência tinha obtido, novas e melhores vantagens; e bem assim que no novo contrato se poderiam introduzir as cláusulas impeditivas de qualquer possível prejufzo para o Estado.

Mas, Sr. Presidente, o encerramento das Câmaras por motivo das férias do Natal; a situação financeira em que o País se debatia e a que já aludi ;eo facto de não ser razoável que sem consulta à Câmara eu rescindisse um contrato cujo estudo estava por ela entregue à sua comissão de finanças obstaram a que eu fizesse a sua denúncia; mas, afirmo que a minha idea era então, como é hoje, a de renovação do sistema: contrato com o Banco.

Sempre previ a má situação financeira que se avizinhava e invoco o testemunho dos meus antigos colegas; sempre previ a desvalorização cada vez maior da nossa moeda e quer as operações de compra de trigos que realizei, quer a lei dos câmbios, cuja eficácia não discuto, dão a impressão nítida do meu sentir.

Sr. Presidente : nunca me julguei alguém e, mesmo no acto da minha posse, no Ministério das Finanças, eu disse: que as individualidades não tinham a sua- hora, mas sim a colectividade, isto é, ou trabalhávamos todos, ou um só não poderia realizar a obra que o País requere e necessita. .

Sr. Presidente : não me manifestei em Junho de 1919 sobre o contrato em discussão ; não tive, como não tiveram os outros Srs. Deputados que na ocasião discutiram, os dados essenciais que pudessem habilitar-nos a demonstrar que o contrato seria prejudicial ao Estado; durante a minha gerência os dados que obtive podiam vir a ser elementos duma estatística, mas não bastavam para fornecer qualquer conclusão, visto que diziam ape-nas respeito a cinco meses de vigência.

Mas hoje, Sr. Presidente, elas correspondem a dezoito meses de execução do contrato e nada justifica que os mapas o contas mensais continuem a ser desnecessários para a discussão que se £cha travada, porquanto, Sr. Presidente, não cons-

ta que até agora deles tenham sido pedidas cópias ao Ministério das Finanças ou que ao Sr. Ministro das Finanças tenha sido requerido o depósito na Mesa dessa documentação para consulta dos Deputados que intervêm no debate.

O que lastimo é que todas as conclusões tiradas até agora sejam baseadas em números não oficiais, números cujas bases de cálculos não são conhecidas da Câmara, que vêm apenas ligadas ao nome de um ou outro financeiro, verdadeiro ou Bera, que do alto da sua sabedoria ou da sua audaciosa ignorância poderão fulminar-nos com a sua justificada desconfiança na proficiência e utilidade do nosso trabalho.

Um assunto importante corao este da Agência Financial, e que tem revestido por vezes um aspecto irritante por dar pasto á calúnia, aos velhos ódios e rivalidades de industriais, e qu3 serve de alimento a campanhas não ds utilidade mas até de hostilidade à República e ao País, não devia ser discutido senão sobre dados absolutamente autênticos, sobre uma base nitidamente oficial. (Apoiados).

Mas, Sr. Presidente, tenho visto citar a todo o momento e até na própria imprensa vários sistemas de esp3culação a realizar por intermédio, da Agência Financial e reconheço no debate parlamentar a idea fixa de se proceder a um inquérito, falando-se até em juizes e na investigação de crimes, como s D na realidade tivéssemos uma base de acusação absolutamente determinada e cispusésse-mos do necessário acusador.

O Sr. Leio Portela (interrompendo}: — Se houvesse essa base ia para os tribunais. *.

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O Orador :-^ Perdão ; eu repudio o inquérito sob o aspecto que se lhe pretende dar e que é, aliás, o de V. Ex.a; mas aceito e julgo necessário o estudo da questão, porque estudar nunca é demais e estudo ó que se não fez.

V. Ex.°, Sr. Leio Porlela, e o Sr. Ferreira da Rocha não consultaram nenhum documento, nem mesmo os mais essenciais.