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Diário â» Câmara dós Deputadas

.terem trabalhado bem, ocorre-lhes, como me ocorre, perguntar a essa minha consciência— primeiro, se as cláusulas que pretendi introduzir eram menos vantajosas para o País; segundo, por que motivo a introdução de vantagens determinou uma campanha contra o homem público quando a conservação do que estava nLo tinha determinado essa campanha.

Mas eu prometo não continuar a exaí-tar-me; vou, pois, procurar ser sereno e impassível como o Sr. Ferreira da Bocha, para ver se assim consigo destruir um a um os argumentos de S. Ex.a, que eu já sabia de antemão constituírem um formidável libelo contra o Ministro, e pela pressa com que V. Ex.as correram a salvá-lo (Risos), e pela notícia vinda nos jornais referente à ocorrência sucedida a S. Ex.a, ocorrência que eu lamento profundamente pela possibilidade que ela encerra de criar no espírito de alguém a idea de que eu podia muito bem ter sido o autor do fogo posto. (Risos).

Contaram os jornais que houvera fogo em casa do ilustre deputado, e que S. Ex.;i, espavorido e aterrorizado, fugira para a rua levando numa das mãos um pequeno cofre com jóias e na outra os documentos do seu precioso discurso de hoje, e lembrei-me, então, numa reminiscência instintiva, da gruta de Macau e de Camões, do seu naufrágio e da salvação dos Lusíadas. (Risos). Foi assim que eu consegui ter antecipadamente a certeza de que S. Ex.a sal- vara do incêndio toda uma colossal argumentação para me esmagar implacàvelmente.

Vejamos, pois, o que disse o Sr. Ferreira da Kocha. Começou S. Ex.a por vir recordar as minhas dúvidas sobre legitimidade de podermos negociar apele do urso, não se esquecendo ato de fazer referência às expressões pitorescas que eu então proferira e que, no dizer de S. Ex.a, foram verdadeiramente impróprias dum homem de Estado, o que, aliás, não é para admirar, visto não ter recebido as lições de correcção e aprumo do Sr. António G-ran-jo. (Risos). •

Ora eu devo dizer a S. Ex.a que conhecendo a exacerbação do sentimento pátrio do povo brasileiro, que o leva quási a um verdadeiro chauvinismo^ eu tive receio de que o barulho que nós fa-;zemos em volta desta questão tivesse

como consequência uma campanha que impelisse o Governo Brasileiro a retirar as concessões que nos fizera. E disse então que, anteriormente à denuncia, alguma cousa se esboçara já.

O concurso era secreto para o graiide público, mas não secreto pLra os interessados.

Atirou-se para o público com as palavras concurso secreto. Eiitas palavras dão ao público a 'impressão de que se tratava do qualquer cousa anormal, que se tratava de qualquer cousa feita à porta fechada. E, a propóiúto, referi-me ao contrato do carvão, para afirmar que esse contrato é que era isecreto, tendo sido feito à porta fechada, com determinada casa de Londres, e até com tanto segredo que, quando foi publicado, trazia apenas a assinatura de um dos contratantes.

Mas, Sr. Presidente, não me importo com isso; a minha responsabilidade estava salva, e apenas disse ií>to:

«Está muito bem; se mus tarde derivarem inconvenientes para o País, isso é com os senhores, não é comigo».

Insistiu em seguida o Sr. Ferreira da Eocha em dizer que eu não -podia realizar o contrato, porque isso excedia a minha capacidade. Nego isso terminantemente, e os argumentos de S. Ex.a' não me convenceram. Mais uma vez vem à baila a circunstância de que não tinha mexido em leis, e já desta vez S. Ex.a concordou comigo.

Eu tinha apenas de conservar a Agência Financial com a sua estrutura, tal como estava marcada pelas leis aprovadas pelo Parlamento, e por meio delas entregava um certo número de serviços, que pagava por meio de uma percentagem.

A seguir, S. Ex.a disse que o Parlamento tinha assentado doutrina a este respeito.

Primeiro afirmou-se aqui que, na discussão feita no Parlamento, a lei n.° 373 tinha sido invocada, e que et;sa invocação ficara expressa na moção que tinha sido aprovada.