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Diário da Câmara dou Deputado»

da responsabilidade"ministerial; e mesmo que o estivesse, eu tenho o sentimento já do sofrimento, para fazer mais esse sacrifício pelo meu país, embora tivesse de sofrer a prisão.

Já existia o Ministério do Sr. Álvaro de Castro e dizia-se que se tinham passado mandados de captura contra mim.

Só me faltou que viesse esse tempo òm que se prendia e se faziam todas as violências aos homens públicos — o tempo do dezembrismo.

Como se sabe eu tinha o direito de aumentar a circulação fiduciária até 65:000 contos depois da publicação no Diário do Governo do Tratado da Paz\ Então o que fiz eu?

Apenas uma antecipação absolutamente legítima. Nunca se quis atender às razões • poderosas que me levaram a isso, sendo acusado de haver praticado um crime,

As palavras proferidas nesta assemblea, e nestas circunstâncias, têm o valor que nós aqui dentro à boa fé lhes damos, mas atiradas para a opinião pública, quási sempre simplista, prejudicam os homens públicos e a sua honorabilidade.

Cumpra S. Ex.a sempre o seu dever, porque quando os homens públicos são honrados o tempo ainda é o maior juiz.

Acusaram-me de eu estar vendido à moagem,, e foi a moagem que não descansou emquanl^) me não viu fora do Poder.

Estas divagações não impedem que o meu partido diga qual o seu ponto de vista; apoio não é passividade, e sem que V. Ex.a modifique o seu plano, não terá o nosso apoio.

"S". Ex.a declarou que não queria que alguém se pudesse aproveitar do produto das suas locubrações intelectuais. -

Sr. Presidente: eu que não pretendo herdar as cadeiras do Poder, posso falar com toda a autoridade, para dizer que esperava que S. Ex.a tivesse mais capacidade de sofrimento pelo País.

Eu, homem público, sentado na cadeira de Ministro, quando me fizessem sair dela por divergirem de qualquer ponto de vista, que quanto a mim seria redentor para o País, se visse que iam depois exe-•' cutar 'o meu plano, consideraria o facto

uma glória da minha vida. E a teria a suficiente capacidade de sofrimento para não colocar ninguém no dibma em que S.. Ex.a nos quis colocar.

l Que satisfação eu não sentiria, quando o País reconhecesse que quem tinha razão era eu, e que, só por unr.a baixa política, me haviam posto fora c o Governo, visto que depois _iam aproveitar-se dos meus planos!

Mas, S. Ex.a, extraordinariamente inteligente, com largos serviços à República, porque lhos tem prestado, duma extrema honorabilidade, prefere, qual Sansão, agarrar-se às colunas, embora V3nha o templo abaixo. Não pode ele fazer? Pois ninguém mais fará!

i Eu esperava mais dá sua inteligência e da sua dedicação à República!

j E o processo de todos os aomens que em Portugal aparecem com o seu "elixir salvador: ou o elixir é aplicado por eles próprios, ou deixarão que vá tudo raso l Sr. Presidente: aqui tem V. Ex.a o que eu tenho a dizer. Preferia, porém, que S. Ex.a não me tivesse puxado para este debate. Saio,. porém, dele com a consciência do dever cumprido. Saio dele sem tenção de curvar a espinha. Cumpro o que julgo ser o meu dever. Pouco me importo com as consequências.

Espero ainda que o Sr. Presidente do Ministério diga quais são as intenções do Governo relativamente ao assunto que se debate.

É preciso que fique a absoluta certeza dj que o Sr. Ministro das Finanças não tem o direito de dizer que eu ueja desleal e lhe queira dar na cara COEI um papel com o fim de, porventura, me utilizar daquilo que lhe dera a^sua inteligência. Tenho dito.

E verdade, esquecia-me dizer o seguinte: pelas declarações do Sr. Ramada Curto ficou a Câmara na convicção de que não era precisa nova denúncia.

E relativamente à minha declaração, devo dizer que não há direito a estabelecer uma situação diferente da que está na cláusula 14.a

O discurso será publicado \ia íntegra, revisto pelo orador, quando restituir, ré-, vistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.