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Sessão de 27 e 28 de Janeiro de 1921

cutir em pontos precisos que se refiram a nós.

S. Ex.a empregou sempre o tOraio —a finança.

Pois vejamos "o que é a finança num contrato desta natureza, em que de facto se encontram dum lado os interesses do Estado e de outro lado os interesses do duas facções, tal como a gente pode apreciar, havendo lá fora, pelo menos, dois grupos de financeiros tam importante um como outro, um a procurar segurar o contrato, o outro a procurar retirar o contrato ao primeiro. Não há, portanto, uma finança, há duas finanças. Não há já ilusões. Para inirn é absolutamente indiferente que vença qualquer dos grupos, mas, se de facto há esses dois grupos, não há uma finança, há duas finanças.

S. Ex.a iniciou o seu discurso por dizer que nós, aqueles mesmo que na Câmara trataram essa questão, ainda que nos pese, somos a guarda avançada da finança. Ora admitindo a interpretação de S. Ex.a e provado como está que há dois grupos de financeiros, um contra o outro, deve S. Ex.a dizer que, ainda que nos pese, somos 'a guarda avançada duma das finanças.

Sr. Presidente: eu não disse nem direi que o Sr. Cunha Leal desempenha em favor da outra finança o papel de guarda avançada ou superior, porque não admito, em discussões desta natureza, insinuações que se não possam concretizar em acusações formais e positivas.

Sr. Presidente: a questão não podia ser mais bem posta.

Se um dia tivermos a felicidade de encontrar nas nossas fileiras todos aqueles que com S. Ex.a defendem o contrato, então sim, as questões serão mais bem postas, mas por agora temos de nos servir da prata da casa; não dispomos de pessoal melhor.

Assim como somos, emquanto aqui estivermos como Deputados havemos de tratar as questões como soubermos e com os elementos de que dispusermos.

Sr. Ministro: regressando agora à moção que apresentei, eu devo dizer que em alguma cousa nós havíamos de estar de acordo —eu e o Sr. Ministro das Finanças— esse ponto é, na afirmação que S. Ex.a ontem fez, quanto à necessidade absoluta de colocarmos a questão numa

situação definida, para que se saiba quem o apoia e quem o combate.

Há de facto na Câmara dos Deputados — permitam-me V. Ex.a* que lho diga— uma cousa qualquer, de há tempos a esta parte, que vai correspondendo à decadência geral da raça, que de facto nos avilta, pela imprecisão das nossas opiniões, e pela precisão dos termos em que as colocamos. A Câmara tem-se deixado dominar desde a célebre sessão dos carneiros de Panúrgio até hoje, deixando que o Ministro diga que sairá direito desta casa, emquanto outros sairão com a espinha dobrada. Isto não é enobrecer o regime parlamentar: isto avilta-nos, e desprestigia necessariamente a República que queremos defender, e o país em que vivemos.

Tem o Sr. Ministro das Finanças toda a razão quando diz que, se não interpretarmos o contrato nos termos em que foi posto, fica impedido de governar naqueles precisos termos em que S. Ex.a colocou a sua política.

Eu combato essa política financeira, não concordo com ela, mas não julgo justo que S. Ex.;l seja privado dos meios de governar emquanto estiver naquelas cadeiras. A característica do regime parlamentar ó precisamente de que na política financeira dos Governos tem de haver situações nítidas e claras. O Parlamento apoia os actos dos Ministros emquanto quere que eles governem. Mas, meu Deus, o que se não pode dizer ao Ministro é que fique no Governo sem lhe dar os meios de realizar os planos que pretende executar.

Sr. Presidente: eu não posso votar a moção apresentada pelo Sr. António Maria da Silva. Eu não concordo com a política do Sr. Cunha Leal, mas hei-de dizer-lho claramente, assumindo a responsabilidade, não tendo dúvida em sair com a espinha direita ou dobrada; e, quem entender que S. Ex.a está ali bem, que deve ali continuar — o que não é possível— que o diga claramente mas não colocando a questão de forma a que o Ministro seja obrigado a ficar, restringindo-se à política que ele preconiza.