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Sessão de 21 de Fevereiro de 1921

desde o oficial ao grumete, todos se adiantassem a cumprir o seu desejo.

Outro marinheiro de nome Manuel Azevedo Gomes foi mestre de todos nós. Esse homem encontrando-se a bordo dum pequeno navio, no mar das índias, vendo-se perseguido por um cruzador inglês, apesar de ter a bordo a sua família, não ameaçou ninguém .e mandou apontar as três peças.. ..

Mais tarde quando foi um cruzador dentro da doca de Hong-Kong e se encontrava a bordo dum barco português ao romperem-se as negociações do tratado inglês, não precisou de ameaçar ninguém para conduzir toda a sua guarnição.

Tenho um grande amor à marinha de guerra do que tenho dado todas as provas. Essa marinha foi sempre o enlevo do País e considerada por ele. Muitos sucessos podia narrar para mostrar ò respeito que ela disputa em toda o mundo, j Digo isto com muito orgulho!

Eu e os meus camaradas só temos ouvido palavras áe consideração no estrangeiro.

Quando quási durante três séculos a Europa se subverteu num mar de sangue, sendo teatro de lutas religiosas e políticas, o nosso País apenas se dedicou a descobrir terras novas.

No tempo da monarquia a decadência da marinha de guerra foi grande: tam grande, que só tinha um velho cruzador e umas pequenas canhoneiras que mal se arrastavam por esses mar.es, andando duas ou três milhas por hora.

Nessa época, a marinha era mal vista nas regiões oficiais por causa da sua grande independência.

Quando ancorado no porto do Rio de Janeiro, o navio do comando de Augusto de Castilho recebeu a bordo os oficiais e marinheiros brasileiros que se tinham revoltado contra o Governo Brasileiro.

Ao chegar a Lisboa, ele que tinha evitado que esses marinheiros e oficiais fossem chacinados, se tivessem desembarcado, e não encontrassem asilo a bordo do navio português, teve como prémio do acto generoso e humano que havia praticado, a sua prisão no Quartel dos Marinheiros.

Nessa ocasião houve um gesto de admiração e solidariedade da armada pelo seu ilustre camarada.

Quando foi julgado vi, os marinheiros e até os seus camaradas capitães de mar e guerra, todos correrem ao tribunal, beijando as condecorações que o Sr. Augusto Castilho ostentava ao peito e abraçando-o.

Pois este gesto da corporação da armada foi tam mal visto pelos políticos de então que vários jornais escreveram violentos artigos contra o pessoal da armada.

Parece que de então em diante ainda mais se agravou a má disposição que havia contra a marinha.

E já que falo em cousas da marinha, permita-me V. Ex.a que invoque o nome desse grande cidadão chamado Jacinto Cândido, um paisano que foi um dos melhores Ministros- da Marinha que temos tido. Esse cidadão ainda vive e conserva-se afastado da República, mas que me importa esse afastamento para fazer ressaltar os seus méritos, se ele foi um grande português e contribuiu grandemente para o' engrandecimento da marinha!? Essa criatura com uma grande tenacidade e contra a opinião dos seus colegas de Ministério, conseguiu para a marinha navios que ao tempo eram os melhores que se fabricavam e que apenas tinham o defeito de serem poucos.

Na ordem de ideas que venho expor, permita-me V. Ex.a, Sr. Presidente, que invoque também o triunfo que resultou para Portugal da viagem dum desses navios à volta do mundo. Esse navio que levava gravado no costado o nome duma das naus do Gama, à proa esculpidas as armas do Infante 'D. £Tenrique e de D. João de Castro, e nos mastros hasteada a flâmula de Portugal, atirou-se pelos mares . fora, verdadeiramente como no tempo das aventuras dos nossos avós-navegadores, a levar a todos os cantos do mundo o nome da nossa querida Pátria.