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Diário da Câmara dos Deputados

soldado do 33, a pontapé e à bofetada. Logo que esse homem, porém, regressou, a Lisboa, o major general de então, mandou levantar um auto para saber a verdade dos factos.

Este major, Sr. Presidente, este homem que durante bastante tempo esteve às ordens de Sidónio Pais, e que depois, da revolta de Monsanto devia ter sido convidado a desaparecer, tal não aconteceu.

Ninguém mais do que eu, Sr. Presidente, tem mais amor à corporação da Marinha; não há ninguém que mais admire a solidariedade que nela existe; mas não posso deixar de sentir, e muito, que essa solidariedade desaparecesse por completo nessa, hora de amargura, com a agravante de se ter realizado, passados dias, uma manifestação da armada e em tal número que foi necessário mudar de casa, isto é.. um pouco maior dó que aquela que foi feita ao Sr. Liberato.

Depois da revolta de Monsanto, Sr,. Presidente, não há dúvida que novas manifestações foram dadas à marulha não me recordando eu do nome do Ministro da Marinha de então, visto que muitos têm eles sido.

Eu desejaria que o Sr. Liberato Pinto, em vez de estar a perder o seu tempo trabalhando afanosamente no Ministério da Marinha, se ocupasse, visto que ainda restam do empréstimo destinado a navios umas 35:000 libras, a apressar a viada a Lisboa dos pequenos destroyers que ainda estão em Itália e que, segundo as minhas informações, não são nada maus.

Dois ou três desses destroyers deviam ir imediatamente para os Açores, um para a Madeira e os outros para a defesa de Lisboa. Depois deviam ser mandadas para as colónias as canhoneiras que para esse efeito foram destinadas.

Eu quereria que o Sr. Liberato Pinto completasse as guarnições desses dois cruzadores que chegaram há quási um mês de Inglaterra e os -mandasse para o mar para se exercitarem, tanto mais que um deles tem apenas um artilheiro.

Esses navios são dotados com artilharia absolutamente moderna e bem merecem que se lhes dispense a atenção devida.

Eu desejaria, Sr. Presidente, que o Sr. Ministro da Marinha pegasse numa vas-

soura e varresse dos corredores da Ma-joria essas 150 ordenanças que lá se encontram, despovoando os na.vios, que se encontram sem. ninguém, quási.

-^Eu quereria que o Sr. Ministro da Marinha olhasse para o navio Almirante Reis, o maior dos nossos navios e com cujas reparações já se gastaram 300 contos.

Com este navio dá-se o mesmo que acontece com a estátua do Marquês de Pombal: há gente que trabalha para que esse navio nunca se arme nera volte a ser navio de guerra. E esse facto deriva da circunstância de ser um dos melhores e ter 38 bocas de fogo.

O Sr. Ministro da Marinha interino encontrou essa cousa espantosa da chamada divisão naval ter cinco almirantes no espaço de 100 metros quadrados, fazerem, notas uns aos outros por cima de tabiques, e ao lado dessa orgartização fantástica de 50 ou 60 repartições uma cousa espantosa, que é o Estado Maior Naval.

Nada tenho a dizer acerca da competência dos oficiais que aí estão. São oficiais muito competentes, que têm atrás de si um passado de excelentes serviços, mas apaixonam-se de tal maneira por esta nova instituição que passam a vida a fazer conferências.

Apesar de tanto almirante tanta papelada e tanta repartição, posso referir um caso que aconteceu ultimamente quando foi da visita do Rei da Bélgica, o qual foi ter-se só visto depois dele ter partido que o navio que o devia ir cumprimentar não tinha o andamento necessário quando se queria mandar cumprimentar esse soberano" na ocasião da sua passagem por Cabo Verde.

Não sei quem teve a culpa deste acontecimento. Não seria ninguém! Uma hora. antes da chegada do soberano belga, faltavam no navio todos os fogueiros para que pudesse navegar.

Precisamos tratar da marinha portuguesa muito a sério.

j Oitenta por cento para pessoal o vinte por cento para material, não pode ser!

Com a verba que temos nada se pode comprar, nem uma chapa talvez!