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Sessão de 21 de Fevereiro de 1921

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Como se vê, desde o parecer da Repartição até o despacho do Sr. Ministro das Finanças, há o prazo de quási três meses. Não há em todos estes documentos que acabo de ler nenhuma palavra do Sr. Ministro das Finanças dizendo que eu 'tinha de entrar com qualquer quantia nos cofres do Estado.

Ninguém honestamente deles pode tirar a ilação caluniosa que primeiro se fez correr nos cafés e trotoirs e depois O Jornal se fez eco, mas a público veio a notícia que, a Câmara, conhece e que no dia seguinte ao ser publicada veio desmentida em nota oficiosa, na parte que se refere ao meu amigo António Maria da Silva.

Devo dizer à Câmara que eu fiquei absolutamente satisfeito em que não tivesse vindo desmentido a meu respeito, porque eu, assim, tive ocasião de mostrar ao País, aqui, no Parlamento, que não pratiquei qualquer acto que dê motivo -a alguém poder tirar qualquer ilação de menos honesto.

Mas a falta desse desmentido fez com que mesmo as pessoas honestas ficassem, naturalmente,' suspeitando de que eu tivesse cometido qualquer acto, não digo desonesto, mas menos regular, e ó isso que eu quero desfazer.

Os meus actos, coaio Ministro, no assunto, ficara patentes e tenho a convicção que devidamente apreciados pela Câmara e pelo País.

Mas, pregunto eu: ^quem podia trazer para público esses boatos?

Certamente quem podia conhecer esses documentos, e que dôles propositadamente tirou uma ilação criminosa, porque outra honestamente se não podia tirar, para fins ou conveniências que não quero profundar, deixando à Câmara que julgue o que entender.

O Sr. Estêvão Pimentel: — ^V. Ex.a dá--me licença? Quem lançou êse boato para público naturalmente foi a mesma pessoa que levou a notícia aos jornais.

O Orador:—Eu não sei quem levou a notícia aos jornais.

O Sr. Afonso de Macedo:—Ainda ontem o meu nome foi dito em público pelo Sr. Ministro das Fnanças.

O Orador: — Sabê-lo hei pelas vias competentes e o Sr. Ministro das Finanças será mais uma testemunha porque entendo que é chegada a hora, não dos homens públicos virem para a praça pública ou para o Parlamento apregoar que são honrados, mas prová-lo perante os tribunais chamando lá aqueles que os acusam de prevaricar.

É assim que procederei, e estou tam tranquilo a meu respeito que não me faz mal nem me fará uma calúnia desta ordem, a qual, entretanto, só. faz mal ao regime. (Apoiados).

Na hora em que se anda a pregar que não devem os republicanos terçar uns contra os outros a arma da calúnia, é que se lança a público uma desta ordem, mas prefiro que não tenha sido um Ministro que a tenha inventado (Apoiados), porque seria não só ter em pouca conta a honra própria para assim anavalhar a «alheia, mas o desprestígio completo do Poder e do regime.

Contudo, apesar do desmentido.do Sr. Ministro das Finanças demissionário, numa conferência a que não assisti, e de não haver da parte do mesmo Ministro nenhum despacho ou acto praticado contra mini, eu não quero deixar de pôr bem a claro este assunto em que o meu nome se acha envolvido, e por isso, termino com os meus agradecimentos à Câmara pela atenção com quo me escutou, enviando para a Mesa uma proposta sobre a qual desejo que a Câmara se manifeste, proposta que agora faço verbalmente mas que vou passar ao pap.el imediatamente.

Proponho que pelo Ministério das Finanças se proceda a um inquérito, pois só desse Ministério podia ter saído, para se saber como dele saiu o boato que foi transmitido aos jornais e ao público, boato que é absolutamente calunioso e difama-dor dos homens da República.