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Sessão de .21 de Fevereiro de 1921

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do bastante marinha para defesa das suas costas, j Mas em cousa alguma destas se pensa! > .

• No que se pensa, neste momento, é no caso grave para a marinha de um tenente não estender a mão ao seu superior!

• Sr. Presidente: fui toda a minha vida um homem disciplinador e honrado, e devo dizer que não me' conformo com a consulta • feita pelo Sr. Liberato Pinto, nem com n resposta.

Tenho a maior consideração pelo ilustre oficial alvejado, pois é um oficial que prestou os maiores serviços à República no. tempo da revolta monárquica, mas não posso aceitar como boa a doutrina de que não é obrigado um oficial a prestar consideração a um superior apertando-lhe mão.

A maior ofensa que se pode fazer a alguém é escarrar-lhe na cara, depois uma bofetada e em seguida não corresponder a um aperto de mão.

^Como vem agora o Sr. almirante dizer que não há ofensa? .

O- regulamento citado, que já foi feito no regime da República ó bem expresso no artigo 79.°, e encerra a boa doutrina que não necessita ser escrita, porque, a escrever-se, também seria necessário escrever que as meias se calçam antes das botas.

Vou. terminar, pois que "de mais tenho abusado da paciência da Câmara, e termino dizendo que é necessário pôr termo a esta situação.

Qualquer Ministro da Marinha que ali se senta tem de atender a melhorar este estado de cousas, não com grandes rasgos, mas como devo ser, porque como dizia António Enes, ó preciso ser modesto para não se parecer ainda mais pequeno.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. João Luís Ricardo: — Sr. Presidente : agradeço à Câmara ter-me concedido usar da palavra em negócio urgente. O caso ó conhecido de V. Ex.a e de toda a Câmara, e eu só tenho a lamentar que seja a segunda vez que eu tenha de roubar tempo- à Câmara para defender a -minha dignidade política que não separo

da minha dignidade pessoal. Entendi que não devia ir para os jornais tratar do caso sem a ele me referir aqui, no Parlamento, que é o mesmo que falar para o país.

Trata-se de uma notícia publicada no Jornal, desta cidade, de 17 de Fevereiro último, e diz-o seguinte:

'•«O Sr. Cunha Leal assinou ontem duas ordens de serviço, intimando os Srs. engenheiro António Maria da Silva e Dr. João -Luís Ricardo a entregar à fazenda pública respectivamente 600 e 20 contos, importâncias estas em que o vSr. Cunha Leal reputa que o Estado foi prejudicado com despachos que aqueles homens públicos lavraram quando foram Ministros em situações transactas. •

O Sr. Ministro das Finanças não expediu as referidas ordens em virtude de resoluções dê qualquer tribunal ou-comissão de inquérito».

Devo dizer à Câmara que não me surpreendeu esta notícia publicada no referido jornal, pois já na última sessão, de quarta-feira, dia 16, ao entrar nesta casa do Parlamento, vários parlamentares se dirigiram a mim a comunicar-me que se pretendia fazer ou que já estava feito o que aqui está escrito, isto é, que o Sr. Ministro das Finanças tencionava expedir contra mim e contra o meu amigo António Maria da Silva um aviso -para entrarmos com certa quantia nos cofres do Estado.

Sorrij disse qualquer cousa de blague e fiquei1 tranquilo como o estou agora, porque quem não deve não teme, mas achava muito extraordinário que um membro do Poder Executivo se arrogasse a autoridade e competência para obrigar qualquer outro membro do mesmo Poder Executivo a entrar nos cofres do Estado com qualquer quantia.