O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 21 de Fevereiro de 1921

9

servir de referência aos submarinos inimigos.

Esses três grandes revérberos eram nem mais nem menos que revérberos das batotas de Cascais, Estoril e Paço: de Arcos.

Pedi se fizesse o que se fazia em toda a parte: mandar apagar as luzes comple-tamente nessas casas de prazer ou então impedir velando-as, que as luzos chegassem ao mar. Comuniquei o caso ao comandante general da Armada. Responderam-me que era ali nesses casinos que havia estado tomando ar, refrescando o seu có-rebro; e tinha pedido não apagassem a luz, porque era ali nesses casinos, que costumava tomar refrescos.

Respondi que a memória dos seus camaradas que tinham ido para o fundo, merecia mais alguma consideração. (Apoiados}. - „ ,

Por parte dos governos aliados houve a demonstração de apreço pela marinha de guerra portuguesa, pela forma como estavam montados os serviços 4e defesa.

Tive ocasião de dizer ao almirante inglês que • mo pedia informação sobre a montagem do nosso material-de redes e v minas, no Tejo, que em três dias estariam montados os serviços portugueses.

Havia-se "introduzido uma modificação interessante no sistema de redes que ficou conhecida pelo modificação Franco. Tal modificação foi recomendada pelo almirante referido para Inglaterra, • afirmando devia ser introduzido em toda a parte.

Um dia esse almirante inglês, pessoa muito respeitada, permitiu-se dar uns conselhos ao comandante da divisão naval. O comandante respondeu-lhe que agradecia as suas indicações, mas que as considerava absolutamente inúteis, visto que ele mesmo havia feito os maiores elogios dos oficiais portugueses.

Estava fixado no convénio entre Inglaterra e Portugal que os transportes de tropas deviam"ser feitos em navios ingleses e portugueses. Permitiu-se dizer que, conquanto isso estivesse escrito no convénio, os oficiais da marinha mercante inglesa só estavam acostumados a ser escoltados por submarinos ingleses, e não queriam que os navios portugueses fizessem esse- serviço.

Mais um motivo de orgulho para a Armada e divisão naval!

Retini os comandantes dos navios e tive a felicidade de ver que todos assinaram um protesto contra este desejo do almirante inglês.

. E não me parece que deste facto tivesse resultado qualquer prejuízo. Pelo contrário, o comandante da divisão naval rece-• beu a mais alta distinção que se costumava dar.

Quando se deu a catástrofe do 5 de Dezembro, com excepção de cinco antigos reservistas empregados em casas de jogo e que receberam dinheiro com a incumbência de me matar, todos os marinheiros, até desaparecer o Governo constitucional, cumpriram corajosamente o seu dever. E triste recordar o que se .passou: esse desfilar de marinheiros desarmados perante o César 'vencedor e esse envio de milhares de marinheiros para, a África, desterrados. E a propósito devo comunicar à Câmara um telegrama que acabo de receber do meu querido camarada tenente'Lança que, tendo visitado o Depósito de Degredados de Angola, ali encontrou alguns marinheiros deportados por Sido aio Pais. Segundo o telegrama que recebi, eles não regressam a Lisboa por falta de transportes e nada recebem!

Sr. Presidente: nós vimos nessa quadra triste do dezembrismo os cruzadores alvejados por granadas, não de alemães, mas de próprios portugueses! Nós vimos suspenso o recrutamento -por dois anos! Nós vimos enviar -centenas de marinheiros para fora do Portugal, degredados, e eu, constatei, com muita iinágoa, que os dirigentes da nossa marinha não esboçaram sequer um simples gesto de reacção. Eu vi esses chefes-- dando ordens aos comandantes dos navios que entravam no Tejo para entregarem os percutores das peças. Houve um oficial, o Sr; Cerqueira, que se opôs a isso, e foi mimoseado com alguns meses de prisão, sem que ninguém protestasse!