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Sessão de 21 de Fevereiro de 1921

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. S. Ex.a respondeu que toda a gente se melindrava quando se faziam certas afir-- mações e que ele se julgava no direito de as fazer visto que muitos o tinham tratado mal quando da questão da Agência Financial.

Mas . como não há fogo-sem fumo, a menção de que eu tirava aos cofres do Estado cerca de 600.000$ para os dar a alguém, não nasceu espontaneamente e teve, por isso, a sua origem.

Na tarde do dia em que apareceu publicada nó Jornal a notícia em questão, fui chamado ao telefone por uma pessoa, nosso colega nesta Câmara e com o qual • tonho mantido as mais afectuosas relações de amizade. Essa pessoa era o Sr. Estê-vam Pimentel que me declarou aquilo' que depois vem publicado como 'desmentido, no mesmo jornal, isto ó, que o Sr. Cunha Leal não tivera a mais pequena interferência na publicação da referida notícia.

, Tratava-se, pois, nessa altura de saber apenas quem tinha enviado ao Jornal essa notícia, o que, certamente, não se tornaria difícil unia vez que a direcção desse jornal, composta de homens de honra, fosse instada nesse sentido.

Devo dizer, a propósito do Jornal que eu não tenho relações algumas com qualquer empresa jornalística, mas isso não me impede de fazer valer os meus direitos e de dizer da minha justiça.

O certo, porém, é que o Sr. João Luís Ricardo teve conhecimento, por intermédio de alguém, do boato a que se referia a notícia do Jornal antes dela ser publicada. A questão complica-se um pouco.

Sr. Presidante: eu não sou profissional de honra; já tenho provado nesta casa do Congresso que sei prezar a honra dos outros inclusive a do Sr. Cunha Leal e quem sabe prezar a honra dos outros naturalmente não menospreza a sua.

De facto não sou profissional de honra nem ando neste -mundo fazendo campanhas aos outros. Também não tenho pré-: tensões a mártir nem necessito de procuradores bastantes para me proverem nessa alta qualidade.

Se o Sr. Custódio de Mendonça, embora meu parente afastado, se permitir a liberdade de forjar esta calúnia, V. Ex.a fica sabendo e o país como eu lhe chamarei e o conceito em que o ficarei tendo. Isso

também não me inibe de dizer que desejarei ou que tenho direito de esperar que ele seja punido como ó mester se foi êle.o caluniador. Que foi ele que o escreveu não o nega.

Desde essa data não tenho trocado palavra com o Sr. Custódio de Mendonça, a não ser quando ele se referiu a essa notícia pelo telefone ao que lhe respondi: não converso mais sobre esse assunto, sei o caminho que me é dado seguir, fosse quem fosse que levantou essa calunia tem de mim o qualificativo que merece. V. Ex.a ouviu a alguém, tem obrigação de dizer quem foi. Não mais voltei a falar com o Sr. Custódio de Mendonça.

Sei que o Sr. Custódio de Mendonça afirma.que ouviu esse boato a várias pessoas, não será difícil caçar o audaz; julgo que com boa vontade não será difícil caçar o audaz, o cúmplice ou o-boateiro. Não pode admitir-se que este lacto passe em julgado para honra desta Câmara, para honra dos homens da República, menos por eles do que pelo regime.

Disse o Sr. Ministro das Finanças que a diminuição das honorabidades dos homens públicos da República embora seja ' muito má para eles é muito pior para o regime. Eu que então concordei com S. Ex.a entendo que ele mais do que ninguém devo tentar apurar o caso.

Disse-me alguém que me procurou que

ouviu dizer ao Sr. Custódio de Mendonça

' que ouvira também fazer essa afirmação

a várias pessoas nos cafés; .é necessário

que se apure toda a verdade.

Contínuo a dizer : não há fumo sem fogo. Não há respeitabilidade para um regime que não queira saber quais são os homens dignos de o servirem. Mal vai para esse regime se o deixamos emporcalhar e emporcalhar os homens públicos que o servem.

Tenho dito. . O orador não reviu.