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Sessão de 9 de Março de 1921

Sobre indústrias há algumas de que podemos lançar mão e que são necessárias para a economia do país.

Teríamos a indústria do ferro, que já foi nesta Câmara objecto dum projecto dos Srs. Lúcio de Azevedo e Gastão Rodrigues, tendo sido dada a uma determinada empresa uma certa concessão; nada de prático, porém, se tendo feito até hoje sobre o assunto.

Devemos também tratar da cultnra da beterraba. Todas as nações da Europa tom essa cultura e aproveitam todos os seus elementos.

A nossa vizinha Espanha tem fábricas que exploram esse produto em grande escala.

O Sr. Raul Tamagnini (interrompendo}-.— Existe na Câmara um projecto de lei sobre o assunto.

Apartes.

O Sr. António Granjo (interrompendo):— Eu mandei abrir um concurso que só prende com o assunto.

O Orador: — A indústria da beterraba é uma das que deve merecer toda a nossa atenção, porque nSo vem só resolver a questão do açúcar, mas concorre para a resolução doutras.

A cultura da beterraba exige cavas profundas e os seus resíduos, adubando a terra, concorrem para favorecer a produção cerealífera e até a polpa para a alimentação de gado, o que é um problema importante no nosso país.

Para a indústria corticeira também devo chamar a atenção dos poderes públicos, porque nós exportamos a cortiça em bruto em grande quantidade, e trabalhada pouca.

Temos de desenvolver essa indústria e haja estudos feitos nesse sentido, sendo outro ramo industrial a explorar devidamente o da nossa indiscutível riqueza mineira.

Nós temos ainda, Sr. Presidente, de tratar a sério da irrigação dos nossos terrenos.

Eu tenho aqui, Sr. Presidente, uma memória que já foi apresentada à comissão executiva da Conferência da Paz, que orça por 20:000 a 30:000 contos a despesa para irrigar l milhão de hectares do

terreno. Essa verba, sendo grande, resultaria mínima, atendendo à extraordinária valorização que aos terrenos traria a irrigação.

Agora, Sr. Presidente, deverei chamar a atenção do Governo para um assunto que tem de ser encarado por forma que os interesses do país se defendam.

Eu quero referir-me, Sr. Presidente, às despesas militares, isto é, à necessidade absoluta que há de as reduzir.

Sr. Presidente: se nós formos analisar o nosso Orçamento, veremos que pelo Ministério do Interior se gastam 33:780 e tal contos com a segurança pública.

.Sr. Presidente: eu pregunto: com este desequilíbrio financeiro, £ onde ó que nós vamos parar, mantendo-se assim um corpo de polícia e guarda por tal forma dispendioso ?

Sr. Presidente: esta verba de 33:780 e tal contos pouca diferença faz daquela que no Orçamento Geral do Estado ó destinada a sete Ministérios.

Estes sete Ministérios consomem ao país 33:601 contos no seu orçamento de despesas ordinárias, e as despesas militares, exceptuando a guarda fiscal e a já falada segurança pública, consomem uma verba de 114:920 contos.

Ora eu pregunto a V. Ex.a e à Câmara se assim podemos continuar a proceder; a mini, parece-me que certamente caminhamos para a morte e morte breve.

Sr. Presidente: eu não descubro realmente receios para um ataque militar a não ser que ele venha da nação vizinha; porém, não quero crer que a Espanha pense sequer em conquistar Portugal.

Seria impossível, e, assim nem em semelhante receio se podem fundar as enor-míssimas despesas militares que estamos realizando.

Mas, Sr. Presidente, se nós entendemos que as despesas militares têm de ser reduzidas, entendemos também que muitas há que têm de ser aumentadas, como por exemplo as do ensino e da assistência pública.