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Diário da Câmara dot Deputados

Sr. Presidente: não é este o raemento mais próprio para fazer o elogio do grande estadista, uma das primeiras figuras da Espanha. É preciso que se diga que a Espanha é para todos nós, deve ser e há--de sor cada vez mais, uma grande nação. Dos políticos que têm estado à frente dos seus negócios, um dos mais notáveis, um daqueles a quem mais devemos, foi o Sr. Dato. O Sr. Dato pertenceu àquela falange tani nobre dos conservadores liberais, dos homens que têm vindo pela evolução das instituições preparando o futuro, cada vez mais largo, da democratização nacional.

Em Portugal todos se lembram da obra dos conservadores liberais; era essa obra que estava fazendo em Espanha o Sr. Dato, a quem se deve a principal legislação operária, s legislação exemplar da vizinha Espanha.

Mas, se nós vimos no Sr. Dato uma grande figura para a política interna, devemos olhar para ele como chefe do Governo que declarou a neutralidade durante a guerra. A neutralidade da F.spanha, durante a'guerra, significou a defesa da nossa fronteira, a defesa da fronteira francesa; nem nós, nem os franceses, precisámos desviar um soldado com o receio dum conflito com a Espanha. • Não podemos esquecer jamais os serviços que, pela sua neutralidade, a nação vizinha prestou à causa dos aliados. Pudemos organizar as nossas forças, pudemos lançar as nossas expedições em Alri-ca e na França, e não tivemos um momento de apreensão-com as nossas fronteiras; esse- serviço devemo-lo aos homens de Estado da Espanha, devemo Io à nação toda, mas devemo Io, sobretudo, àquele homem que declarou a neutralidade do Governo Espanhol.

Sr. Presidente: a Câmara, certamente, sente-se profundamente comovida com esta morte, o deseja associar-se à comoção da nação espanhola. Eu, como representante do Governo, associo-me Intimamente à profunda dor quo deve ter causado no Governo espanhol a morte do seu chefe, acontecimento que não só enluta a Espanha, mas enluta a alma da Nação Portuguesa, Intimamente vinculada à alma da nação espanhola.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Couceiro da Costa: — Sr. Presidente : ao entrar hoje nesta Câmara, fui dolorosamente surpreendido pela nolícia do vil atontado de que foi vítima o ilustro estadista D. Eduardo Dato, Presidente do Conselho de Ministros do S. M. El-Rei D. Afonso XIII.

Creia V. Ex.a que esta notícia me produziu a mais profunda impressão.

Eu conhecia pessoalmente esse eminente político espanhol quo era, ao mesmo tempo, um grande amigo de Portugal.

Lembro-mo de que a primeira v««z quo tive a honra de me encontrar com D. Eduardo Dato foi quando lhe fiz entrrga das insígnias da Gran-Cruz da Torre o Espada cora quo o Governo da República Portuguesa o agraciou.

Ouvi então dele palavras as mais carinhosas a respeito do nosso pai» e as mais enteruecedoras promessas do quo concorreria quanto coubesse em suas forças para um. mais completo estreitamento de relações entro as duas nações da Península Ibérica.

«Tratava-se nesse momento du ivuniao em Portugal do Congresso Sciontifico, como fora deliberado no do Biibau

D. Eduardo Dato disse me quási textualmente a esse propósito:

«Eu quero ir fazer estas mesmas afirmações perante o seu país e dir.or também que uma das representações mais brilhantes que apareceu no último Congresso Scientífico foi a de Portugal com o Dr. Gomes Teixeira à frente».

Pouco depois era chamado o saudoso estadista à Presidência do Conselho de Ministros, e tive novamente ocasião de me encontrar com ele, ouvindo-lhe iàônti-cas, declarações.

É bom que a Câmara conheça ainda um outro facto bem significntho:

No momento cm que D. Eduardo Dato ocupou a Presidência do Governo Espanhol, durante o conflito europeu, falou-so com uma certa insistência em quo, dado o caso de uma determinada Potência sair vitoriosa, a Espanha, a convite desta,^ ocuparia o nosso país.