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Sessão de*!) de Março de~1921

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Associo-me, portanto, em nome .dos dissidentes, ao voto de sentimento proposto pelo Sr. Presidente do Ministério pelo luto que neste momento cobre a Espanha.

O orador não reviu.

O Sr. Malheiro Reimão:— Sr. Presidente: em nome dos Deputados Independentes, associq-me ao voto de sentimento proposto pelo Sr. Presidente do Ministério.

Igualmente nos associamos às palavras de afecto que foram por S. Ex.a dirigidas à Espanha.

O orador não reviu.

O Sr. José de Almeida:—Das palavras do Sr. Presidente do Ministério não se pode inferir como se deu o atentado que vitimou o Sr. Dato.

São descabidas quaisquer considerações neste momento a esse respeito.

Lamentamos o atentado que contra o Sr. Dato se praticou, associando-nos ao voto de sentimento proposto pelo Sr. Presidente do Ministério.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente :—Em vista da manifestação da Câmara, considero aprovado por unanimidade o voto de sentimento, o qual será .comunicado à Câmara dos Deputados espanhola.

Em sinal de sentimento, suspendo a sessão por 5 minutos. '

Eram 18 horas e 10 minutos.

O Sr. Presidente:—Está aberta a sessão.

Vai continuar o debate político.

Tem a palavra o Sr. Ladislau Batalha.

O Sr. Ladislau Batalha: — Sr. Presidente: tenho de alterar um pouco o teor do meu discurso, devido à perturbação que me veio causar no ânimo a comunicação oficial feita pelo Sr. Presidente do Ministério, e não por paixão especial, mas porque me ocorre à memória uma triste fatalidade que persegue os povos.

É que as populações luso-ibéricas são necessariamente amigas de todos os tempos, e só as dissenções dinásticas, através dos séculos tom feito, por assim dizer, a cisão entre o português e o espanhol.

Posto este critério, eu vou entrar no assunto para que pedi a palavra e para ele peço especialmente a atenção da Câmara, porque vou referir-me a um ponto de vista que interessa dum modo particular ao futuro andamento dos seus trabalhos.

Trouxe a este Parlamento, S. Ex.a, a prestante figura do Sr. Dr. Bernardino Machado, a 36.a declaração ministerial, .depois que se implantou a República em Portugal.

Este número tem o que quer que é de importante, que eu vou acentuar.

Nós temos- de notar a grande multiplicidade de Ministérios em Portugal, em tam curto espaço de tempo.

Irei, pois, analisá-la um pouco para tirar a luz necessária do facto e ver qual é a doença que infecta a sociedade portuguesa, determinando tais circunstâncias.

Antes de o fazer, porém, preciso explicar à Câmara que eu tenho pelo Sr. Dr. Bernardino Machado a mais alta veneração, que provém de o considerar uma das figuras mais prestantes e de mais alta significação dentro da sociedade portuguesa, pois S. Ex.a, ao mesmo tempo que tem gozado o prazer de todas aquelas glórias que a sua alta posição lhe tem proporcionado, também S. Ex.a, com alta coragem e alto civismo, tem arrostado corajosamente com os desgostos e dissabores que a política lhe tem trazido.

Portanto, aquele homem que com a mesma frieza recebe o bem e o mal tem para mim uma alta importância e merece-me um alto respeito.

Mesmo agora, aqui tem S. Ex.a como, não me sentindo eu satisfeito, nem contente, por ver S. Ex.a neste momento no Poder, isso representa ainda na minha consciência um signal de respeito e consideração por a sua pessoa.

É que eu quereria -S. Ex.a colocado de maneira que nunca possa fraquejar na sociedade portuguesa a sua posição, que ó •brilhante e convém que continue a sê-lo. (Apoiados).

Mas dizia eu que nós temos tido uma infinidade de Ministérios coincidindo com uma infinidade de crises.