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Sessão de 9 de Março de 1921

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tivesse existido, ele seria o primeiro a opinar que fosse repelida, pois desejava ardentemente ver Portugal e Espanha estreitamente unidos por laços de amizade e mútuo interesse, mas cada um dentro das suas fronteiras e com a sua completa independência.

Eu experimentei um prazer enorme em lhe ouvir estas palavras tam gratas ao coração dum português.

Mais tarde, tendo-se resolvido definitivamente que o Congresso Seientífico se realizasse no Porto, no corrente ano, D. Eduardo Dato novamente me falou no assunto, acrescentando que, não só em seu próprio nome, • mas também como Presidente do Conselho de Ministros de Espanha, havia de repetir ali tudo quanto já me afirmara.

Como V. Ex.a vê, pelos factos que sucintamente venho de expor, Portugal perdeu um grande e verdadeiro amigo.

Pode, portanto, calcular-se qucànto foi dolorosa a minha impressão ao receber a notícia da' sua morte.

Sr. Presidente: pelo Estado precário da minha saúdo, eu não devia talvez neste momento levantar-me para falar, mas julguei-me obrigado a esto sacrifício para prestar a mais sentida homenagem à memória do eminente estadista que o país irmão o vizinho tam tragicamente acaba de perder e para associar-me à proposta do V. Ex.a

E declaro que o fiz, não 5ó como Do-

'putado da Nação e como representante

da República era Madrid, mas. também

em nome do Partido de Roconstituíção

Nacional, a que mo honro do pertencer.

Emfim, Sr. Presidente, que a Espanha mais uma vez saiba quanto o nosso coração de português sente as suas desgraças e partilha das suas dores.

Tenho dito.

O Sr. Barbosa de Magalhães: — Sr. Presidente: em nome do grupo parlamentar do Partido Republicano Português associo-mo ao voto de protesto contra o atontado que produziu a morte do grande político espanhol e eminente homem de sciência, D. Eduardo Dato.

Dentro de alguns anos é este o segundo atentado político que enluta a nossa vizinha Espanha.

Com efeito, há pouco tempo, relativa-

mente, caiu morto no país vizinho o grande estadista liberal que era Canalejas, traiçoeiramente assassinado na praça que hoje tom na capital da Espanha o seu nome, em homenagem h sua memória e ao seu grande espírito.

Coube agora a vez a D.Eduardo Dato, o se esse atentado é motivo de tristeza e de dor para a Espanha, é-o também para nós, sendo também um sintoma de que não podemos, nós, os políticos, deixar de encararmos devidamente o facto, porque, embora uão conheçamos as condições em que osso atentado se produziu, devemos calcular que ele tem com certeza uma natureza política ou social.

Sr. Presidente: todos sabem que, há alguns anos, os acontecimentos que se produziram em Espanha fizeram com que se afastasse da vida política activa desse país a grande figura de Maura.

Dato sucedeu-lhe na chefia do Partido Conservador; porém, esse partido não pôde continuar a ter a mesma homogeneidade que tinha ato aí, não porque ao novo chefe faltassem as qualidades e prestígio para a sua missão, mas porque as ciicunstâucias eram outras.

Já então se manifestava esto fenómeno que se tem vindo a dar aqui, da desagregação dos partidos, e o Parlido Conservador de Espanha, apesar do toda a sua grande força, não pôde resistir a esse fenómeno e dentro em pouco estava dividido, mantendo-se o' mais forte núcleo à volta de Dato, mas tendo outras fracções, entre as quais uma chefiada por Maura — que voltara à vida política— o outra por La Cierva.

A desagregação do Partido Conservador Espanhol correspondeu à desagregação das forças liberais desse país, o assim a vida política espanhola tem-se tornado cada vez mais complicada, mantendo-se numa situação que não pode deixar de comparar-se à situação da vida política portuguesa.