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Diário da Câmara dos Deputados

-se hoje o E&tado na posse de 4 milhões de quilogramas de farinha de l.a que não tem consumo. Não é mais porque a moagem fez desaparecer alguma dessa farinha, não contando com a extracção que' ela tem feito a mais, porque com a extracção de 75 — garanto que vai a 80 e 82 — não teríamos o pão intragável de 2.a qualidade, que temos tido, visto que o diagrama estabelecendo o pão de 2.a pouco diferente seria do de l.a Ora a diferença é enorme o ela só pode ser assim por motivo da moagem fazer uma extracção superior a 70.-

jii necessário agora dar saída a esses 4 milhões de quilogramas de farinha de l.a Dizem-me então que o Governo pensa lotar essa farinha com 20 por cento de farinha de milho, que também está na posse do Estado, para depois vender esse lote por um preço muito inferior àquele que realmente lhe custou o trigo e a farinha.

Diz-nos o Sr. Bernardino Machado que o Estado consegue uma economia de 7:000 contos e que S. Ex.a vai fazer aquele lote e deixa de importar trigo, levando o abastecimento até meados de Junho.

Isso mesmo vim eu em determinada ocasião dizer ao Parlamento.

Declarei então que só teria meio de dar de comer aos habitantes de Lisboa, desde que aos ?, milhões de quilogramas de farinha de l.a, que o Estado tinha, adicionasse certa quantidade de sêmeas, porque outra cousa não tinha.

Ora eu preferia que S. Ex.a juntasse sêmeas à farinha do l.a, em vez de 20 por cento de milho.

Veremos a revolta que vai causar em Lisboa o entregar-se ao consumo o pão feito da mistura de trigo e milho.

A panificação não está nas condições de fazer bem essa mistura. Encontraremos no meio do pão mal cozido um rolo de milho.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior e interino da Agricultura (Bernardino Machado): — Conscien-temente, isso não se pode fazer.

O Orador: — Essa frase é de toda a gente, e sobretudo dos homens honrados que se sentam naquelas cadeiras. Mas V. Ex.a vem cercar-se de habilidades. . .

O Sr. Presidente do Ministério'e Ministro do Interior e interino da Agricultura

(Bernardino Machado): — TenL.o-me desenvencilhado de dificuldades muito maiores.

O Orador:—Isso-são frases! . . .

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior e interino da Agricultura

(Bernardino Machado):—V. Ex.a pode ter a certeza de que tenho tido a energia bastante para outros actos de muito maior valor do que esse.

O Orador: — Eu afirmo aqui bem alto que a moagem pesa sobre todos os Governos.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior e interino da Agricultura (Bernardino Machado):—Mas ua monarquia pesava muito mais! . . .

O Orador:-—Por formas diversas ela se tem feito sentir, fazendo por vezes campanhas contra os Ministros, outras vezes preparando as cousas, julgando que os leva facilmente.

Fio-me tanto nas medidas publicadas por ôste processo, que se o Sr. Bernardino Machado quer com elas intensificar a produção, eu pergunto:

& Porque é que essa enorme Companhia das Lezírias, que tem tantos terrenos, não tem feito produzir mais trigos em Portugal, tendo à sua frente, além de um dos maiores homens da agricultura, a dentro do Ministério da Agricultura, um inspector dos serviços agrícolas, um moageiro que é director dessa grande empresa ?

V. Ex.a acabou de ouvir o Sr. António Granjo dizer que a moagem é parasita, e em meu entender ela devia ser nacionalizada, apesar de ser contrário à nacionalização .