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Diário da Câmara dos Deputados

António Granjo, receosos de que ela os atingisse, apressaram-se a estabelecer o preço remunerador de $36 por cada quilograma de trigo nacional.

Dizia que o preço do trigo nacional seria fixado na época da colheita, levando cm conta as despesas de laboração, de adubos e do transportes, etc.

Porém, o íSr. António Granjo não procedeu assim e estabclocou o preço de $36 por quilograma.

Desde que se não tabelou a carne e esta pôde atingir livremente preços excepcionais e criar um trust à semelhança da moagem, tornou-se possível esta situação, visto que os lavradores trataram de engordar os porcos com trigo em vez de bolota, havendo alguns que nessa engorda gastaram para cima de 40 moios desse cereal.

Mas há mais. A produção do trigo nacional, o ano passado, foi relativamente boa.

£ Faltou-se ao manifesto, porquê? Pela falta de orientação política daqueles que tanto apregoam a sua inteligência e a sua competência política. Se se obrigasse o lavrador a manifestar na eira, como eu preconizava, já não teria sucedido isso.

O Sr. António Granjo, providenciando, não deu na cabeça, deu por baixo do chapéu. S. Ex.a fixou o preço do trigo na ocasião da colheita. Vem-se agora apelar para o Governo que fixe o preço do trigo, segundo o preço mundial do trigo exótico.

Os câmbios estão baixos porque assim convém à moagem, e por isso se faz uma contínua especulação.

[Fixar o preço mundial do trigo! Se o Parlamento e o Governo conseguirem resolver a questão financeira, a lavoura ainda não ficará satisfeita.

O espirito simplista do trabalhador pensa logo que se há protecção para a lavoura, ele também tem jus a ser aumentado e as jornas sobem logo.

Falou também o Sr. Dr. António Granjo no azeite.

Quando eu estive no Ministério vi que o Ministro anterior tinha fixado o preço do azeite. Fiz todo o possível para baratear a vida, pois, se o não fizesse, teria a revolução na rua.

O Sr. António Granjo estranhou que a imprensa não fizesse uni ataque à lei da fome. É possível que a imprensa depois de ouvir as palavras do Sr. António frranjo, o paladino da lavoura, se refira a isso.

É possível que venha a fazer-se agora a campanha coutra a lei da fome.

Ontem o Sr. António Granjo disse que o mal da situação que, sob Os te aspecto, atravessamos, é a moagem, porque há um número de fábricas muito superior à capacidade do consumo, mas essa razão apresentei-a eu já nesta Câmara, di/eudo que a moagem não podia trabalhar honestamente só pela razão de exist.Tom fábricas de moagem a mais.

Se fosse reduzido o mmiero' das fábricas, deixando de trabalhar duas ou três, poderíamos tirar uma prova que nos orientasse.

Contrariei as ideas e pretensões da moagem e o Sr. António Gra.ijo foi dar •à moagem um aumento de taxas, quási aquilo que ela pediu, mas para a panificação superior ao que pedia, isto quando S. Ex.a dizia que elas eram parasitas do povo.

Apartes.

Não houve a coragem de atacai' a moagem, apesar de eu esperar que o Sr. Cunha Leal, que me atacara quando eu fui Ministro, tivesse influência junto do seu colega da Agricultura, quando por sua vez foi Ministro, para submeter a moagem àquele regime que S. Ex.a aconselhava.

Eu ouvira as afirmações feitas por S. Ex.a nesta Câmara e esperei que as suas opiniões fossem postas em prática pelo Governo de que S. Ex.a fez parte.

Também esperava ver o nónio de S. Ex.a na comissão que o Sr. Presidente do Ministério acaba do nomear para estudar a mudança do regime de abastecimentos em que vivemos.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e, interino, da Agricultura