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Sessão de 8, J1,J2 e 13 de Abril de 1921

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que seja o Sr. Ministro da Agricultura um dos seus maiores defensores.

Sr. Presidente: para se obviar ao in: conveniente de medidas anteriores e para se não deixar estragar 4 milhões de quilogramas de farinha, deve ela vender-se por um preço inferior ao seu custo e estabelecer um tipo de pão, embora mais caro do que o actual, mas tragável.

Demais, Sr. Dr. Bernardino Machado, eu não costumo argumentar com o «diz--se», mas agora, por falta de outros elementos, tenho de o fazer.

Consta, pelos jornais, que estas medidas vão servir ao Sr. Ministro da Agricultura . para resolver a questão dos açúcares, outro problema básico.

O Sr. António Granjo estabeleceu o preço de $60 para o açúcar amarelo, e apesar de lá fora haver baixa no preço do açúcar, em Portugal ele tem-se mantido, porque era preciso salvar da falência uma grande casa de Lisboa.

Então escasseou no mercado o açúcar amarelo, fez-se a baixa do câmbio para evitar a sua entrada, e os jornais dizem agora que se vai fixar o preço do açúcar amarelo a l$50, vendendo as ramas a $60, quando afinal esse açúcar de l$50 não ó mais do que a resultante da refinação do tal de ramas e melaço que estamos a pagar por $60.

Conclusão: não aparecerá mais açúcar amarelo a $60, mas passa a aparecer a 1$50, e o pior é ,que não tem vindo açúcar nenhum de África e o que se vai refinar é aquele que está depositado nas refinarias.

Neste ponto é que desejo uma declaração peremptória do Sr. Dr. Bernardino Machado. V. Ex.a se vai fazer isto, é porque tem razões fortes para o fazer, mas diga-o S. Ex.a aqui, que eu, se me convencer, dar-lhe hei o meu voto.

±\ sombra de autorizações é que não estou disposto a dar-lho. Acho mais republicano e mais próprio de um Governo como aquele a que V. Ex.a preside, dizer abertamente ao Parlamento que tenciona fazer isto e isto sobre o regime do pão, que tenciona fazer isto e isto relativamente ao açúcar, por estas e estas razões. Eu estou certo de que, com esta lealdade e cora a argumentação de S. Ex.a, o Parlamento procurará resolver uma situação

que é precária para este Governo como para aqueles que se lhe seguirem.

Sobre p Comissariado dos Abastecimentos, devo dizer que fui eu quem o criou, sendo o lugar de comissário gratuito, e o Sr. António Granjo aproveitou essa disposição para lhe dar uma retribuição, mas encontrou-se diante de certas dificuldades.

O Sr. João Gonçalves (interrompendo):— Eu quis dar uma retribuição ao Sr. comissário dos abastecimentos, mas S. Ex.a é que me declarou que não queria vencimento algum.

O Orador: — Só o ' Parlamento pode criar esses lugares e as respectivas remunerações. Aquele está criado gratuitamente. Não tem remuneração e só se pode remunerar se trouxerem ao Parlamento alguma medida nesse sentido.

Vou passar a dizer porque não aprovo a moção do Sr. António Granjo senão na primeira parte, em que se diz uma cousa vaga.

Na primeira parte da moção do Sr. António Granjo faz-se a afirmação de que o Parlamento deseja que se tomem as medidas necessárias para se/ regressar à situação anterior à guerra. E um voto irrealizável por agora. Depois afirma-se mais um bluff, dizendo-se que se deve fixar o preço do trigo nacional em harmonia com o preço mundial. ^Mas que preço?

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior e, interino, da Agricultura

(Bernardino Machado): — Serão tomadas as medidas convenientes para evitar esses abusos.

O Orador: — O preço político . . . Não há tal preço político do trigo. O que é preciso é acabar com a política da moagem.