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tiessão de 8, 71, .12 e 13 de Abril de 1921

O Sr. Presidente:—Está interrompida a sessão para prosseguir amanhã, às 14 horas.

Eram 19 horas e 10 minutos.

QUINTA PARTE

O Sr. Presidente: — Está reaberta a sessão.

Eram lô horas e 40 minutos.

O Sr. Estêvão Pimentel: — Sr. Presidente: pedi ontem a palavra jpara dizer a V. Èx.fl c à Camará que não posso dar o meu voto à moção do Sr. António Granjo, semio na parto que se refere a princípios gorais que todos nós defendemos.

Há dois princípios em que estamos todos de acordo, mas não o estamos quanto à forma por que o Sr. Granjo imagina resolver estes dois casos: protecção à lavoura e liberdade £Íe comércio.

Fala-se sempre em protecção à lavoura' para resolver todos os casos, e essa protecção já vem desde 1889, e de então para cá o país não tem feito outra cousa senão proteger a lavoura, dando-lhe milhares e milhares de coutos por ano, que são tirados à economia nacional.

Não vejo nenhuma razão para que a lavo,ira receba pelo preço do trigo o que ò Sr. Granjo quêre.

A lei de 1889 prestou à agricultura grandes serviços, mas a lavoura não os soube aproveitar e quasi trinta anos depois, em 1914, não nos bastamos a nós próprios; só em dois anos o país se bastou.

Nós pouco mais terras temos para meter ao trigo.

Fala-sè muito nos terrenos incultos, mas a maior parte da gente não sabe que esses incultos são os pousios, pousios quê são necessários pára o descanso da terra, além de que servem ainda para pastagens para alimentação do gado.

Sr. Presidente: o Sr. Granjo ocupa dentro desta Câmara o lugar de campeão da lavoura, a lavoura que sé encontra hoje rica e mais próspera do que nunca e que conserva o dinheiro que tem ganho é que ainda hoje não perdeu nada do que ganhou.

Eu hão estou aqui a fazer unia campanha contra a lavoura, à lavoura, ligám-mê bastantes laços, mas não posso consentir

qúé com o meu voto se dê uma protecção à industria quê maiores lucros tirou dentro da guerra. Realmente, a maior parte dos Srs. Deputados não faz ideá dê qúanfd ganhou a lavoura durante a guerra. Eu conto á V. l£x.as um caso dê que. tive conhecimento íià pinico quando estive na minha terra: cOntarám-hie lá que tendo acabado em 31 de Dezembro o arrendamento dúinas terras, que estavam arrendadas por 9.000$, íbráhi à praça pôr 93.000$. Ora ninguém acredita quê os lavradores queiram pagar rendas destas, para no flrii perderem, mesmo porquê ã lavoura hábituóu-sé a ganhar' tanto iia guerra, quê agora nem se limita a ganhar ó dobro, qiiere muito mais.

j Não é, pois^ jUsto o desejo do Sr. António Granjo! Mas pode ser ele a simples caça ao voto da lavoiira. Todavia, não felicito S. Ex.1" por isso, porquê a lavoura não serve para essas cousas, pois o que quere é apanhar-se servida.

Sr. Presidente: dito isto, eu quero chamai1 a atenção do Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura para algumas considerações quê qíiero fazer â propósito dalgiimas palavras de S. Ex.a ontem empregadas no final dá sessão.

Disse S. Ex.;i, se hão estou em erro, que tinha encontrado a forma de fazer tinia economia pára o Tesouro Publico de 7:000.000$, por conseguir vender qual-que.1 farinha que d Estado possui, que serii misturada não sei com quê para se fazer O pão. Pregímtei eu oritoin a S. Ex.:i, a meia voz, mas S. Ex.a não me respondeu, e por isso repito agora a pregunta, se essa economia provinha do facto de não ter necessidade o Estado dê importar farinha, porque a possui, ê sehdb assim se esta tinha sido oferecida. ^

Eu só compreendo, realmente, esse lucro, se essa farinha e mistura de que S. Ex.a falou, foram oferecidas ao Governo. Não sendo assim, se ò Governo não mistura as farinhas com qualquer cousa que comprou, que eu não sei o que é, porque, tendo-me S. Ex.a ò Sr. Ministro da Agricultura prometido fornecer os esclarecimentos necessários, não mós deu; irá, por acaso, S. Ex.a vender à moagem por metade do seu custo, ò milho que comprou caro?