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Diário da Câmara dos Deputados

honrado e, no emtanto, vivi sempre à custa dos trabalhadores.

Depois, eu julguei, quando me meti nesta agitada vida política do nosso país, que os políticos da minha terra estavam realmente com vontade de fazer uma verdadeira transformação nacional, não a golpes de machado, mas evoluindo inteligentemente de harmonia com as circunstâncias.

Iludi-me, porém; nfio há possibilidade de se proceder eficazmente a uma política de reconstrução.

Os ministérios sucedem-se velozmente e a sua acção 'não tem sequência nem continuidade.

Muitos dos ministros que o são apenas por vaidade e por ambição, nada fazem nem sequer asneiras. (Risosj.

Esteve no Poder o Sr. António Granjo; governou com cabeça, com principies e com vontade, porém pouco tempo se demorou nas cadeiras do Poder e os outros que se lhe seguiram, apenas se limitaram a desfazer o que elo tinha feito.

E é assim toda a política nacional.. .

O Sr. Presidente: — Eu tenho de interromper a sessão, e se V. Ex.a deseja ficar com a palavra reservada.

O Orador: —Vou terminar já as minhas considerações.

Sr. Presidente: eu lamento esta dualidade de critério do Sr. Presidente do Ministério.

Não se compreende que se vote a amnistia e se mantenham na cadeia indivíduos que foram amnistiados.

Não se compreende que S. Ex.a, sendo republicano, pense de vários modos conforme as conveniências do Poder.

S. Ex.a interpreta as leis conforme lhe apetece e por isso não -posso aprovar a autorização que vem agora pedir à Câmara.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior e interino da Agricultura

(Bernardino Machado): — Sr. Presidente: devo declarar que o Governo deseja que a Câmara discuta vários assuntos, tais como o Orçamento, ato o fim do Junho, e outros também de carácter urgente.

Os Srs. Deputados estão no sou direito de discutir os assuntos com a largueza que entendam, mas faço votos para que o assunto em discussão se resolva o mais depressa possível para se tragar doutras questões.

Eu venho a esta Câmara pelir esta autorização obrigado por deliberações que foram tomadas por este Parlamento e que por ele foram julgadas necessárias.

O Sr. João Gonçalves veio dizer a esta Câmara que a questão dos trigos não se rosolvia com esta autorização porque a autorização quo existia tinha caducado.

. [partes.

Eu não venho pedir uma autorização, venho impelido pelo Parlamento dizer que, em quanto esto regime de abastecimentos durar, esta autorização é necessária.

Não venho portanto por minha espontânea iniciativa pedir quaisquer autorizações, como de resto já o provei:

Eu não quero demorá-los, mesmo porque estamos em tam pequeno número, que será preferível que a discussão fique para amanhã, mas no emtanto devo dizer que quero a mudança do actual sistema regulador do abastecimento público, para o que estou trabalhando, esperando quo, efectivamente, ele se possa transformar em liberdade de comércio.

Eu já ontem fiz uma exposição do plano governaíivo que tenciono pôr em prática, e esse plano tem três pontos capitais:

Primeiro, precisamos intensificar a produção nacional. Neste sentido a República tem feito uma obra digna Je todo o aplauso, cabendo uma parte muito honrosa ao Sr. António Granjo, pela série de medidas que S. Ex.a tomDu. Porém, eu entendo que essa intensificação deve ser feita pelos próprios lavradores, e nós devemos dar todo o impulso aos sindicatos agrícolas, para que eles resolvam esse problema.