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Diário da Câmara dos Deputados

O Orador: — Foi um erro tabelar o preço do trigo, deixando livres de tabelamento os outros produtos panificáveis.

Apresentou-se o alvitre de o trigo ser pago pelo preço mundial.

Esse preço mundial é uma história muito interessante que eu ouvi na Associação de Agricultura, preço que muitos não aceitaram por vários motivos, uns por ser baixo, outros pela dúvida de se saber qual o preço que se devia estabelecer, se o da Roménia ou da Argentina.

Apartes.

Sucedeu poucos dias antes que, tendo melhorado o câmbio, o trigo ficava a um preço mais barato que o trigo de-Portugal.

Em França o trigo chegou a um preço tam baixo que os lavradores ficaram apavorados, tendo reclamado medidas de protecção.

Apartes.

Para se estabelecer uma média de pre-ÇO do trigo é necessário que se saiba qual a desvalorização da libra em relação ao dólar.

Apartes.

Se eu fosse estabelecer aos géneros da lavoura o preço do câmbio — para o arroz, por exemplo- sucederia um tremendo desastre, pois que este género tende a descer cada vez mais, e a lavoura não quere entregá-lo por menos de 1$20.

Veja V. Ex.a a que tristes consequências e irreparáveis prejuízos podia levar essa pretensão louca, própria de dementados ou de especuladores de ocasião, que não vêem senão o lucro de momento. Isto seria meter mais interessados na nossa divisa cambial.

Estamos todos com os olhos fitos em Angola, mas eu entendo que nós devemos olhar mais para a metrópole, aumentar a nossa produção no continente.

É indispensável que se adoptem as medidas necessárias para que o trabalhador rural possa possuir a terra que cultiva, e não estarmos à espera das cebolas do Egipto, sem cousa alguma fazermos.

Em Angola têm-se feito pequenas experiências, mas, técnicos dizem não se saber ainda ao certo se podemos contar com uma grande produção. No em tanto, não devemos pôr de parte as esperanças que nos vêm de Angola, mas também não

devemos esquecer o que devemos à nossa terra, para defesa do nosso património.

Sr. Presidente : ainda aqui senão falou sobre a questão da capacidade da moagem e do rateio.

Realmente há muitas moagens que não trabalham e que recebem trigo indevidamente, porque eles reúnem-se e adquirem muitas fábricas, quando, afinal, são apenas duas que trabalham.

Oxalá nós entremos numa boa política de abastecimentos, criando-se as condições indispensáveis ao êxito das medidas que as circunstâncias aconselhem.

O orador não reviu.

O Sr.' Augusto Dias da Silva: —Vem o Governo pedir mais uma autorização, tam larga, que eu não a compreendo, porque é a maior das ironias lançadas a este Parlamento.

Não há dúvida que o Governo, cons-tantemente, sem se importar com a Câmara, atropela-a lei.

Isto causa tristeza.

Isto é uma troça lançada a esta Câmara.

Desejava saber se o G o verão não precisa de autorização para atropelar a lei que permite a liberdade de reunião.

Todos sabemos que o Sr. Presidente do Ministério mandou encerrai- o sindicato dos manipuladores.

Para isto, S. Ex.a não precisou de autorização especial.

£ Como explica o Sr. Presidente do Ministério este atropelo da lei?

S. Ex.a só precisa de autorização para este caso especial.

Mas não é só a propósito da liberdade de reunião.

Foi votada nesta Câmara uma amnistia para os presos por questões sociais, e os ferroviários ainda estão presos, e não me parece que o estejam à sombra dal-guma autorização.

O Sr. Presidente: — Pedia a V. Ex.a se cingisse à matéria.. .