O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Diário da Câmara dos Deputados

O nosso maior mal consiste exactamente em que a indústria em Portugal não tem condições de vida, sendo absolutamente parasitária e apenas servindo para sustentar meia dúzia de indivíduos que se dizem industriais e que vivem regaladamente, quando têm apenas oito ou dez operários trabalhando nas suas fabrique-tas, a que dão o pomposo nome de fcibricas.

Há já dois anos que aqui apresentei um projecto de concentração industrial, som que até hoje ele tivesse tido as atenções dos Governos ou qualquer parecer das comissões.

Era já tempo dolo ser aprecú.do, porque, na verdade, se os industriais portugueses não têm a inteligência bastante para tratarem de se Unir, mal s<_ p='p' que='que' a='a' essa='essa' poderes='poderes' os='os' públicos='públicos' compreende='compreende' união.='união.' não='não' forcem='forcem'>

Parece que a nossa situação económica gira somente à volta do problema dos trigos e do problema financeiro, como se um ou outro, ou mesmo os dois juntos, pudessem, resolver essa situação.

E preciso dar aos trabalhadores uma educação especial, que impossível é proporcionar-se-lhes sem se criar o meio necessário. • .

Nos países civilizados onde se mantêm as grandes fábricas, estabelecem-se, simultaneamente, os grandes bairros operários, em que não faltam escolas e toda a espécie de assistência.

Quando tive a triste idea de aceitar um liigar de Ministro, fui à^Covilhã, onde me foi dado presencear a maior das vergonhas.

Irocam-se vários apartes.

O Orador: — Não se percebe realmente, Sr. Presidente, por que se anda à volta da verdade e não há a coragem de a encarar bem de frente.

Depois grita-se:

Í Nós, juizes, não ganhamos o bastante! ; nós, tropa, ganhamos pouco !

Tudo isso será certo, mas o ojie não *é admissível é que alguém pretenda fazer crer quo os operários vivem bem.

A este respeito, então, o Sr. António Granjo teve frases muito interessantes, especialmente no que se refere às oito horas, de trabalho.

É imprescindível que o Governo enfrente o problema da produção, e para

isto chamo a especial atenção do Sr. Presidente do Ministério.

É necessário quo as fábricas passem para a direcção do Estado, isto é, que sejam nacionalizadas, levando-se toda a indústria de produção à concentração que preconizo.

Lá fora. onde as indústrias e os capitalistas são inteligentes e têm uma vida bem diferente dos nossos, que qúâsi se limitam a descontos de letras, formam-se os trusts que têm por flui modificar as condições oconómicas das próprias indústrias.

Entro nós, ao passo que í orem surgindo alguns indivíduos do iniciativa e inteligência, os outros, que não souberam ou não q,iiseram unir-se, hão-de sor vencidos e arrastados à completa ruína.

Uma voz : — ! Porque a:nda há bom

i

O Orador: — Tem sido esse bom senso que tem íeito com q\u> quási te.ihamos de morrer do fome.

Estabelece-se di* ? .;são'entre o orador e vários Deputados.

O Orador : — Isto vai mal.

Sr. Presidente: parece-me que isto vai mal e muito mal. Toda a gente vê que seguimos um caminho errado : é a lei das oito horas para a direita, é a lei das oito horas para a esquerda, como se se pudesse admitir que um operário mal alimentado possa trabalhar rna:is de oito horas.

Apartes.

Lá fora os operários trabalham tanto como o nosso operário.

Aparte do Sr. Afonso de Mtio que não se ouviu.