O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 8, 11,.12 e 13 de Abril de 1921

93

explicasse a razão por que não precisou de autorização especial para manter nas empresas jornalísticas os militares que lá estão.

Não compreendo; 'e como não compreendo, declaro que não voto as autorizações que S. Ex.a pretende arrancar a esta Câmara.

Foi-me dado ouvir hoje nesta casa do Parlamento algumas apreciações às nossas condições económicas e financeiras. Mas é extraordinário como certos parlamentares procuram andar à roda desta questão.

A forma como o assunto tem sido tratado ó realmente interessante; não tenham V. Ex.as dúvidas disso.

Tom-se falado muito nesta casa do Parlamento no regime cerealífero e pretende-se, ao que parece, mudar esse regime com o intuito de proteger a lavoura do nosso país, permitindo-lhe que ela venda o.s seus trigos ao preço da cotação mundial, e no que todos estão de acordo.

Isto, Sr. Presidente, é verdadeiramente extraordinário, e o que eu digo é que este estado de cousas não pode continuar assim.

Concordo que a vida está verdadeiramente insuportável e que a classe média não pode suportar novos agravamentos, mas daí a dizer-se que a classe média é a única que se encontra numa situação verdadeiramente angustiosa, não estou de acordo, pois que ela está angustiosa para-todos, e neste ponto permita-me a Câmara que lhe diga que o operário lá fora ganha> muitíssimo mais do que ganha entre nós.

Dizer-se que é muito o que um operário ganha por dia, isto é, uma libra, ou seja 4$50, é um erro, pois que isto é nada, comparado com o que os operários ganham lá fora.

Os operários lá fora, Sr. Presidente, ganham vinte vezes mais do que entre nós, e assim eu preguuto se é possível viver com os ordenados que eles aqui têm ?

Neste ponto, Sr. Presidente, estou perfeitamente de acordo com o que aqui disse o ilustre Deputado o Sr. Norton de Matos, que num belo discurso que aqui fez demonstrou e muito bem o que eu acabo de dizer.

E preciso que V. Ex.as se convençam de que hoje, da maneira que está a vida, se não pode viver com menos de 10$ a 20$,

por dia, e para isso necessário é que não haja muitas pessoas de família, basta ter apenas uma, pois, de contrário não poderão alimentar-se convenientemente.

Isto, Sr. Presidente, é que é uma verdade.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): — \r. Ex.a está fazendo o confronto dos ordenados que os operários têm lá fora, com o que ganham entre nós; porém, do que se esqueceu foi de fazer também o confronto entre as despesas que eles lá têm, com as despesas que os nossos fazem, o que é realmente muito importante e para considerar.

Pode V. Ex.a ter a certeza absoluta de que os operários entre nós vivem muito mais barato do que em qualquer outro país.

O Orador: — Em Portugal temos pessoas como o Sr. Alfredo da Silva um industrial muito inteligente, e contra quem não me move nenhuma iná vontade, mas que o Estado não devia consentir que retirasse da sua indústria lucros de 30, 40 e 50 por cento.

O Sr. Presidente : — Era melhor V. Ex.a não~ estar a individualizar, não nonear pessoas.

O Orador: — Neste país existe a Companhia União Fabril que é um colosso, e a moagem que é outro colosso, e parece impossível que áe consinta semelhante cousa, que os Deputados da extrema direita o permitam.

O Sr. Afonso de Melo: — O Estado que tem o monopólio do trigo não tem o das farinhas.

O Orador: — Não compreendo tamanha protecção "à moagem. O qne me admira é que homens como o Sr. Afonso de Melo não venham para o Partido Socialista.

Não só compreende que a Moagem não esteja nacionalizada, e que V. Ex.as defendam aqui a sua própria miséria.

O Sr. Inocêncio Camacho quando foi Ministro concordou comigo em que se devia nacionalizar a Moagem.