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Sessão de 22 de Abril de 192 í

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por isto e aquilo, seria já em ocasião que S. Ex.a tivesse sido assassinado, porque simplesmente de atentado se falava no relatório de Pedro da Costa, documento anterior à acta em que de atentado se não fala, e, portanto, o Sr. Ministro do Trabalho que chamou a atenção da polícia, S. Ex.a que teve interferência muito directa na prisão do Conselho de Administração dos Bairros Sociais, teve apenas parfl, apresentar a este Parlamento, justiçando esse procedimento que atentou contra a liberdade de vários cidadãos, a declaração duma pessoa que estava em causa, que estava ofendida por actos do Conselho de Administração.

Sr. Presidente, a S. Ex.;i o Sr. Ministro do Trabalho a quem sempre prestei justiça e contínuo a prestá-la, digo muito lealmente que não procedeu S. Ex.a com a reflexão que devia, porque a sua reflexão constata-se pelo facto de segundo consta dos documentos aqui lidos outras reuniões se seguiram após aquela em que se 'diz haver ameaças de morte, e nas quais nenhuma referência há de se ter falado em matar alguém.

Devia ter havido mais serenidade da parte do Sr. Ministro do Trabalho, para que não fossem alguns cidadãos levados aos cárceres e as lágrimas aos olhos de mães, esposas e filhos, por um simples caso que mereceria uma gargalhada se não tivesse também qualquer cousa de muito gravo e sobre a qual se não pode rir.

i E extraordinário!

O Sr. Ministro do Trabalho depois de se haver referido à história do complot, disse que encarando de frente este assunto dos Bairros Sociais, tinha de ir até o fim nas suas acusações. Foi, pois, até o fim na acusação que fez perante a Câmara.

Ora é para notar que S. Ex.u nessa acusação que temos de julgar completa no dizer de S. Ex.a, a,penas invocou um testemunho, invocou apenas o escrito de uma única pessoa.

,;Quem é essa pessoa?

Essa pessoa em cuja declaração o Sr. Ministro se estriba para justificar a sua acção neste assunto, é a mesma que o meu ilustre colega Dias da Silva acabou de desmascarar perante a Câmara, com a leitura de vários documentos; Sr. Presidente todo este assunto se concretiza em dois pontos.

Um é a questão do complot. Quanto a esta questão temos nós. Parlamento, do pedir responsabilidades ao Ministro por ter atentado contra a liberdade dos cidadãos que é uma cousa sagrada.

O outro ponto é o que se refere à acusação feita pelo Sr. Ministro a um Deputado, com base única no depoimento de um único indivíduo que, segundo documentos lidos, se mostrou à Câmara ser uma criatura que não merece crédito algum.

Sr. Presidente, o que eu tenho dito em

conversas particulares posso também di-

zê-lo aqui, perante o Parlamento, para

que o meu país e o meu partido também

• o saibam.

Ora o que eu tenho dito é que se alguma responsabilidade eu devo assacar ao Sr. Dias da Silva, na sua acção política, é talvez o ele não ter compreendido a tempo o pouco valor moral de criaturas que o rodearam.

Foi simplesmente esse o erro do Sr. Dias da Silva.

O Sr. Ministro do Trabalho disse quo não tinha em mira envolver o partido socialista nesta questão. Mesmo que ess-a tivesse sido a intenção de S. Ex.a de fornia alguma a podia justificar, porque o partido jamais poderia ser responsável pelos actos de administração mal dirigidos, praticados por indivíduos que um Ministro colocou nesses lugares e que jamais o partido teve de considerar como delegados seus.

Sr. Presidente: a hora vai adiantada e já é tarde para largos discursos. Creio ter dito o que devia, pondo a questão nos seus devidos termos.