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Diário da Câmara dos Deputados

Dias da Silva tinha o direito de trazer, aqui, à nossa consideração.

Eu li o relatório apresentado à Câmara pelo Sr. Ministro do Trabalho.

Nenhuma razão existe para não me levar a ter, sobre o carácter de S. Ex.a, a melhor das impressões. Colega de S. Ex.a nesta casa do Parlamento, nunca ouvi da sua boca qualquer palavra que pudesse ofender quem quere que fosse. No Ministério de que fiz parte tive a camaradagem de S. Ex.a, que sempre decorreu na melhor das relações.

Confesso, Sr. Presidente, que a impressão que colhi desse relatório foi fantástica. Nunca gostei de polícias amadores. Não me agrada semelhante papel.

Sei o que são certas intenções a deturpar factos. Sei quanto as nossas palavras, ditas muitas vezes em ar de graça, podem ser traduzidas num sentido diverso do que de facto têm, quando escutadas através dum tabique. Sei quanto custa às criaturas honestas serem anavalhadas na sua probidade. Sei que Carvalho Araújo, homem sério, era capaz de, na defesa da sua honorabilidade, ir até o desforço pessoal, porventura, até a actos violentos, mas considero-o incapaz de se unir a cinco ou seis bandidos para irem matar um homem.

De resto todos sabem como se inventa. Vou citar um facto:

Quando eu estava demissionário do Gro-vêrno transacto e ausente do Parlamento levantou-se uma questão referente ao Sr. António. Maria da Silva, hoje Ministro das Finanças. Eu nunca tinha falado em ninguém acerca dos despachos que dava no meu gabinete. Nem os meus secretários o sabiam.

E, não falando nos meus despachos, muito menos falava nos dos outros.

Através da fantasia meridional de qualquer cavalheiro «urge-nos um Ministro das Finanças a entregar uns fantásticos 600 contos ao Sr. António Maria da Silva.

Kegosijo-me imenso pela circunstância de a Câmara dos Deputados ter votado um inquérito ao Sr. Ministro das .Finanças.

Seria curioso que numa das próximas sessões o Sr. Ministro das Finanças nos dissesse qual o resultado desse inquérito.

Interrupção do Sr. Ministro das finanças que não se ouviu.

O Orador: — Sr. Presidente: não quero desviar a questão do seu devido pó, se bem que este assunto não ms pareça absolutamente extemporâneo.

O que eu queria afirmar era isto: há muita intriga, há muita criatura que quere desvirtuar os factos.

Para se ver como as nossas intenções podem ser deturpadas deixem-me V. Ex.a< coutar um facto que comigo se passou; é o caso de uma moção de censura que eu tive no Senado.

Um dia chega ao Senado o Si. Augusto de Vasconcelos e conta este facto:

O Sr. Ministro das Finanças, tendo ele pedido que lhe passasse uma determinada certidão, disse que era necessário que a Mesa do Senado oficiasse nesse sentido. O Senado indignou-se com esta exposição de facto feita pelo Sr. Augusto do Vasconcelos e apanhei uma moção de censura.

De facto eu tinha recebido uni requerimento redigido da seguinte forma:

«Eu, Augusto de Vasconcelos, senador, desejando que me seja passada certidão, ete....»

Como a redacção deste requerimento lhe imprimia um certo carácter oficial, lancei-lhe o seguinte despacho:

«Tem de requerer por intermédio da Mesa do Senado».

Pois isto valeu-me uma moção de censura do Secado.

Sr. Presidente: estou convencido, mesmo depois de ouvir o relato do Sr. Ministro acerca do célebre complot, que aquilo não passa de uma fantasia. Deve-se ter falado muito em honras, deve-se ter matado e esfolado, mas parece-me tudo aquilo obra de fantasia.

Entendo que o Sr. Augusto Dias da Silva bem andaria em aguardar serenamente os resultados do inquérito, assim como em não trazer ao debate uma cousa que se presta a controvérsia.

Entendo que, de facto, a questlo podia morrer por aqui; mas S. Ex.* trouxe factos ao conhecimento da Câmara e o 3r. Ministro trouxe outros factDs, que precisam ser esclarecidos. O Sr. Dias da Silva colocou-se em circunstâncias de •aão poder aguardar aqui o resultado dessa sindicância. Digo-o a S. Ex.a'com 'toda a sinceridade.