O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 22 de Abril de J921

31

mada Curto. Felizmente S. Ex.a não cíen ouvidos a tais enredos. Procuraram in-compatibilisa-lo com o político do seu partido de quem 6le, orador, é mais amigo, dizendo-lhe que o orador lhe havia chamado ladrão o que constantemente afirmava que S. Ex.a se locupletara com o negócio da Agência Financial.

Como é qno podia dizer semelhante cousa, Gle, orador, que dias antes, tinha sido procurado por S. Ex.a que, tendo de íazer uma viagem de propaganda política ao norte e não possuindo dinheiro para cortas despesas, disse que.desejava meter um vale à caixa a este propósito até ele, orador, dissera à sua esposa: «—Con--tam-se cousas estupendas a respeito deste homem, afirmando-se que ôste homem está rico; afinal, para fazor uma viagem ao norte, precisou meter um vale à caixa!»

Ramada Curto desprezou essas intrigas e não acreditou que o orador fosse capaz de p difamar.

E preciso que a Câmara se pronuncie definitivamente sobre o assunto para que justiça se faça inteiramente, ou enviando para a cadeia criminosos se os houver, ou ilibando de culpa aqueles que o despeito vilmente aponta como desonestos.

Que se apure imparcialmente o tão decantado escândalo da doação feita ao jornal O Combate, pelos empreiteiros dos Bairros Sociais o que se diga se é ou não um escândalo o facto de cada um dispor dos seus lucros, do? seus legítimos lucros, como entender. E possível — tudo é infelizmente possível nesta nossa desgraçada torra — que ao estreito critério de muita gente tilo simples facto possa parecer um escândalo; é possível até que entidades oficiais assim o julguem. Se tal suceder Gle, orador, não hesitará um momento em abandonar a Câmara, mas fâ-lo altivamente, com a sua consciência absolutamente tranquila.

De resto, crê que ó dado a qualquer pessoa dispor daquilo que honestamenre ganhou como muito bem lhe aprouver, sobretudo quando se trata de auxiliar pessoas ou empresas cujo ideal político seja o mesmo.

Quantas vezes ele, orador, teve ocasião de dizer aos seus correligionários que tomavam a seu cargo determinadas explorações lucrativas:—•«Vejam lá, agora não RO façam capitalistas, onào só oaquGC.anx-.df>

entrar para os cofres do partido com par-ts dos lucros que hão de obter». Infelizmente alguns se esqueciam da sua recomendação, mas tal não sucedeu com o caso dos empreiteiros há pouco referido polo Sr. Ministro do Trabalho. Tal dedicação, dispondo livremente de parte de determinados lucros honradamente adqui' ridos, é um crime? Mas se isso é um crime, então criminosos são todos os Deputados que mais ou menos têm contribuído, dispondo de parte dos seus vencimentos, para os cofres partidários.

Os homens que organizaram o complot serviram-se da casa de Manuel Ryder da Costa para levarem papéis, cartas do orador e documentos do jornal.

Roubaram o cofre e levaram toda a papelada.

Se alguma cousa encontrassem, eu seria hoje aqui leiloado com muito prazer do Sr. Ministro do Trabalho, j Desceram a essa miséria, e é a ladrões que o Sr. Ministro dá crédito! Parece impossível que o Sr. Ministro acredite nessa gente e que os considere gente honrada.

O orador conclui, agradecendo à Câmara a sua amabilidade de ouvir as suas considerações.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, aã notast aquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr". Ministro do Trabalho (Domin-gues dos Santos): — Vai ser muito sucinto nas suas considerações.

O que tinha a dizer já o disse; os factos que tinha a expor já os expôs em toda a sua simplicidade. Constam de documentos que a Câmara apreciará.

Não conhece o homem que assina esta carta, não sabe quem é, mas afirma novamente que o dever do Conselho de Administração dos Bairros Sociais, no dia em que apurou que esses indivíduos tinham defraudado o Estado, era mandá-los para a cadeia.

Chegou até o orador uma carta. Leu-a; e porque os factos nela apontados se relacionavam e harmonizavam com uma acta do Conselho de Administração, por isso mesmo é que dela usou.