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Sessão de 22 de Abril de 1921

O Sr. Dias da Silva era quem tudo mandava nos Bairros Sociais.

Diz-se, pois, que S. Ex.a recebeu essa quantia de 13 contos e quinhentos para a sustentação de um jornal.

O Sr. Augusto Dias da Silva: —V. Ex.a

tem a certeza disso?

O Orador: — São os documentos que o dizem.

A Câmara analisará; ele, orador, não fará comentários.

Chegou ao fim da sua exposição, fez a narração singela dos factos, não tendo tido uma palavra de acrimóniafosse para queni fosse, nem um gesto de menos consideração fosse para quem fosse. Expôs os factos documentados.

A Câmara pedirá apenas que tenha, neste momento, em que alguma cousa de grave se passa na vida da República, a serenidade para julgar, como ele & teve para expor.

Factos desta natureza dão-se em todos os regimes; porém, o que é necessário é que o regime tenha a coragem necessária para castigar todos aqueles que tenham delinqúido. (Muitos apoiados}.

Luz inteira é preciso fazer-se sobre estes factos e por isso dirá à Câmara que esta hora deve ser de absoluta serenidade.

Saibamos elevar-nos acima dos partidos, conclui o orador, saibamos encarar bem de frente os acontecimentos, pois, se formos serenos e justiceiros, a República não se perderá; ela salvar-se há.

Vozes: — Muito bem.

O discurso será publicado na integra quando o orador haja devolvido as notas taquigráficas.

O Sr. Ladislau Batalha (para um requerimento') : — Sr. Presidente: atendendo à excessiva importância desta questão, re-queiro a V. Ex.a que consulte a Câmara sobre se permite que se generalize o debate, abrindo-se, para a discussão deste assunto, uma inscrição especial.

Foi aprovado.

O Sr. Presidente : — Tem a palavra o Sr. Augusto Dias da Silva.

Dada a importância e gravidade desta questão, peço a V. Ex.a que venha falar à tribuna, para que toda a Câmara o possa ouvir.

O Sr. Augusto Dias da Silva (que fala da tribuna): — Começa por dizer que nunca esteve tão tranquilo. Diz que já na véspera tivera conhecimento da conspiração que contra ele se urdira. Diz depois que o dinheiro oferecido para o Combate o fora expontaneamente pelos indivíduos que o faziam dos seus legítimos lucros.

Salienta que os bairros sociais conseguiram os seus materiais muitíssimo mais baratos do que os das obras públicas, obras estas administradas, segundo diz o orador, pelos correligionários do Sr. Ministro do Trabalho. Diz que por influência dele o conselho dos bairros conseguia os materiais por preço muito inferior ao das obras particulares.

Diz depois que o Sr. Vagueiro, empreiteiro, assumiu a atitude que a Câmara notou pelos documentos lidos porque o Conselho de Administração não autorizou um aumento de 2 escudos por cada metro cúbico de pedra.

Começou então a fazer-se a chantage, diz o orador, em volta do seu nome.

Agarram-se ao seu nome para forçar o Conselho de Administração a aceitar o aumento. O conselho não cede," e por isso foi-lhe rescindido o contrato. Desde que os interesses lhe foram cerceados juraram vingar-se.

Passado'tempo, um desses empreiteiros procurou-o pedindo-lhe a sua protecção. Negou-se a isso, por saber que ele o havia caluniado. Jurou não ser verdade.

Lê uma carta do Sr. Vagueiro dirigida ao presidente do Conselho dos Bairros Sociaes, em que afirma ter dado dinheiro para o Combate.

Lê vários documentos para demonstrar que o Sr. Vagueiro está sendo o móbil duma chantage contra os Bairros Sociais pois emquanto nuns ataca o Ministro do Trabalho o Partido Republicano Português noutros o defende.