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Diário da Câmara dm Deputados

pois de todos estes factos passados, podia haver um Ministro que não suspendesse imediatamente esse Conselho. (Apoiados). Se o não fizesse logo, ficaria participando de todas as irregularidades fe'tas por i3sse Conselho.

Suspendeu o Conselho dos Bairros Sociais, mas teve todo o cuidado e toda a cautela no seu despacho, pois nele não há uma única palaT, rã contra a honra dos homens que compunham esse Conselho.

Sabia o orador que este seu despacho lhe ia trazer grandes contrariedades, mas apesar disso, quis ser correcto até o último instante e teve o cuidado de ir ao próprio Conseiho dos Bairros Sociais expor o que se passava para que não ficasse nenhuma dúvida de que nem da sua parte nem da da comissão havia qualquer parti pris contra esses homens.

r;Como é que se responde a esta atitude toda de correcção, toda de legalidade?

Sabe-o toda a Câmara: Dentro em " pouco um jornal desta cidade publicava artigos difamatórios para o orador.

Nem no seu despacho, nem nos seus r,ctos houve a mais pequena incorrecção ou desprimor para quem quer que fosse. Apareceu num jornal desta cidade a informação de que a resolução ministerial tinha sido uma provocação ao Partido Socialista.

E extraordinária esta afirmação. Dentro da administração dos bairros sociais havia alguém com quem ele, orador, mantinha relações pessoais muito amigáveis; e, contudo, esse alguém foi exonerado pelo seu decreto! Houve alguém que não sendo nem seu correligionário, nem socialista, foi também abrangido pelo mesmo "decreto. Como é, pois, que o seu acto "pode ser considerado de hostilidade ao Partido Socialista?

,: Como pode isto ser, se o Ministro colocou a todos no mesmo pé de igualdade? Nunca os actos isolados de um homem filiado num partido podem atingir esse partido. (Apoiados).

Todavia, a campanha nos jornais continuou. Estava o orador-no Porto e chegavam-lhe afirmações extraordinárias e informações de factos que se passavam na capital. Não as quis acreditar. Veio para Lisboa, e ao chegai* foi informado do que RQ^ passava^

Apresontaram-lhe a primeira prova escrita, que confirmava as informações qua no Porto tivera.

Não quero ler todos Osses documentos porque dGles devo ter conhecimento a comissão parlamentar do inquérito, limitar-se há a ler apenas um simples relatório.

O orador procede à leitura do relatório.

O Sr. José de Almeida: — Y. Ex.a dá--me licença?

Desse relatório não é V. Ex.a responsável, mas diz-se na sua primeira parte que numa pretendida reunião de indivíduos se tinha votado a morte de V. Ex.a e de outras pessoas, e depois, mais, adiante, diz-se que noutra reunião posterior se falou no ataque político a V. Ex.a Ora eu desejava saber se este ataquB se realizaria depois de V. Ex.a morrer!

7?í'so.s' na Câmara e nas galerias,

Vozes:—Mas o que é isto, Sr. Presi-sidente ?!

O Orador:—Y. Ex.a, Sr. Deputado, por acaso, agora não teve graça :ienhuma.

Vozes :- -Não pode ser, - não pode ser ! As galerias jnanifestaram-se! Agitac&o.

O Sr. Presidente: — Eu tenho a prevenir as galerias de que não podem do forma nenhuma manifestar-se, nem intervir no debate. Peço o respeito ;\s disposições regimentais, aliás terei o desgosto de as mandar evacuar. Positivamente, dessa forma-não patrocinam bom a causa que, porventura, defendem.

Lembrem-se de que está en: jogo a honra de funcionários da República e da própria República. (Apoiados).

O Orador: — Ele, orador, não estranha o facto, porque, se não foram aqueles, foram outros semelhantes que fizeram ainda há pouco, na frente do seu Ministério, uma assuada ao Ministro que cumpriu com o seu dever.